ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM  24-02-2011.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, respondida pelos vereadores Adeli Sell, Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, Idenir Cecchim, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Mauro Pinheiro, Paulinho Rubem Berta, Professor Garcia, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Thiago Duarte, Elias Vidal, Elói Guimarães, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Fraga, Mario Manfro, Mauro Zacher, Nelcir Tessaro, Nilo Santos, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Tarciso Flecha Negra, Toni Proença e Waldir Canal. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 0062, 0177, 0216, 0217, 0311, 0423, 0563, 0589, 0793, 0967 e 1161/11, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as Atas da Sexta Sessão Ordinária e da Terceira Sessão Extraordinária. Em continuidade, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado, nos termos do artigo 180, § 4º, do Regimento, a debater o Conselho Tutelar e as políticas de garantia dos direitos da criança e do adolescente. Compuseram a Mesa: a vereadora Sofia Cavedon e os vereadores DJ Cassiá e Toni Proença, respectivamente Presidenta, 1º Vice-Presidente e 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; a defensora pública Maria da Graça Fávila Josino, representando a Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul; o frei Luciano Elias Bruxel, ex-Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; e o senhor Carlos Simões, Coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente, representando a Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local. Após, a senhora Presidenta concedeu a palavra, nos termos do artigo 180, § 4º, incisos I e II, à defensora pública Maria da Graça Fávila Josino, ao senhor Carlos Simões e ao frei Luciano Elias Bruxel, que se pronunciaram sobre o tema em debate. Na oportunidade, por solicitação do vereador Dr. Thiago Duarte, foi efetuado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao senhor Floriceno Paixão, falecido no dia de hoje, tendo-se manifestado a respeito os vereadores Pedro Ruas e Dr. Raul Torelly. Em COMUNICAÇÕES, nos termos do artigo 180, § 4º, inciso III, do Regimento, pronunciaram-se os vereadores Adeli Sell, Maria Celeste, Dr. Raul Torelly, Aldacir José Oliboni, Sofia Cavedon, Toni Proença, Tarciso Flecha Negra, Mauro Zacher, Luciano Marcantônio, DJ Cassiá, este em tempo próprio e em tempo cedido pelo vereador Alceu Brasinha, e Mario Fraga. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Dr. Thiago Duarte e Nelcir Tessaro. A seguir, a senhora Presidenta concedeu a palavra, para considerações finais sobre o tema em debate, ao senhor Carlos Simões, ao frei Luciano Elias Bruxel e à defensora pública Maria da Graça Fávila Josino. Após, a senhora Presidenta informou atividades programadas por esta Câmara, relativas aos Conselhos Tutelares de Porto Alegre. Às dezesseis horas e vinte e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e trinta minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Mauro Pinheiro, pela Bancada do PT e pela oposição, Idenir Cecchim, Nilo Santos, este pelo Governo, Airto Ferronato, Fernanda Melchionna e Reginaldo Pujol. Em GRANDE EXPEDIENTE, pronunciaram-se os vereadores Luciano Marcantônio, em tempo cedido pelo vereador Elói Guimarães, Mario Fraga, em tempo cedido pelo vereador Dr. Thiago Duarte, e Dr. Thiago Duarte, em tempo cedido pelo vereador Elias Vidal. Na ocasião, a vereadora Fernanda Melchionna manifestou-se sobre greve empreendida por trabalhadores da Construtora OAS, responsável por obras da Grêmio Arena, solicitando agendamento de visita de vereadores desta Casa a esses trabalhadores. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 158 e 189/10 e o Projeto de Resolução nº 038/10; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 006/11. Durante a Sessão, foram registradas as presenças, neste Plenário, da senhora Neuza Canabarro, ex-vereadora deste Legislativo, e do senhor Alceu Collares, ex-Governador do Estado do Rio Grande do Sul. Às dezessete horas e quarenta e seis minutos, nada mais havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela vereadora Sofia Cavedon e pelos vereadores DJ Cassiá e Toni Proença e secretariados pelos vereadores Toni Proença e Adeli Sell. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.

 

 


A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Hoje este período é destinado a um tema específico: o Conselho Tutelar e as políticas de garantia dos direitos da criança e do adolescente. A Câmara de Vereadores está se envolvendo firmemente na qualificação deste novo momento da eleição dos Conselheiros Tutelares. Já modificamos a lei no ano passado, e essa legislação, com certeza, indicará um processo mais qualificado de eleição, e o que nós queremos agora é ativar a cidadania para votar conscientemente, votar em grande quantidade e, mais do que isso, ser um agente de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Nós contamos com a fala inicial da Drª Maria da Graça Fávila Josino, representante da Defensoria Pública, a quem convidamos para compor a Mesa. (Pausa.) Convidamos, também, para compor a Mesa, o Frei Luciano Elias Bruxel, ex-Presidente do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente. (Pausa.) Da mesma forma, o Sr. Carlos Simões, representante da Secretaria Municipal de Governança Local e Coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente. (Pausa.) Informo aos Srs. Vereadores e às Sras Vereadoras que as inscrições são livres, nós temos possibilidade de 12 inscrições junto à Mesa. Na sequência deste debate, ouviremos as Lideranças.

A Drª Maria da Graça Fávila Josino está com a palavra, a quem agradeço muito a presença.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA FÁVILA JOSINO: Ao contrário, nós é que somos agradecidos por esta possibilidade de estar aqui, até porque a Defensoria Pública, na sua prestação de serviço, tem uma afinidade extremamente profunda com a área da infância e da juventude, pois nós temos que aceitar esse desafio de tentar diminuir as desigualdades sociais, até porque a Constituição Federal, no seu art. 3º, fala na busca de uma sociedade mais justa. Então, essa é a maior prova de que nós não temos essa Justiça mais justa, e está em nossas mãos, de forma prioritária, até porque somos os defensores dos cidadãos, buscar essa justiça tão almejada e tão sonhada, que nem a paz social. Eu termino falando na Defensoria, sou um pouco suspeita, porque eu sou muito apaixonada. A gente tem que fazer as coisas com amor e, todos os dias, a gente renova esses votos de amor. E essa renovação de votos de amor ocorre exatamente pela população que a gente atende, que, muitas vezes, em olhares tristes e, talvez, um pouco descrentes, veem em nós a ideia da esperança, do acesso à Justiça.

A nossa atividade, a nossa postura precípua seria até ligada a um princípio histórico bíblico, quando se registra, na história da humanidade, a existência do primeiro fratricídio, e Deus pergunta a Caim por que ele matou o irmão. No momento em que Deus pergunta a razão daquele ato, se estabelece o princípio da ampla defesa e do contraditório. E, nesse trajeto bíblico, é que a Defensoria tem a sua afinidade, que é exatamente buscar o acesso à Justiça e a apreciação da ampla defesa e do contraditório. Afora isso, os princípios que embasam a Defensoria Pública têm muito a ver com o Estado Democrático de Direito, com a busca da dignidade humana, assim conceituada no art. 9º da Constituição. Por analogia, eu posso dizer aos senhores que, recentemente, uma pesquisa realizada no Estado que foi, inclusive, proposta pelo Tribunal de Contas e publicada num jornal local, datado do dia 4 de fevereiro, trouxe que a primeira instituição de maior credibilidade não é estadual, e sim a Polícia Federal. Mas a segunda em credibilidade, que, para nós, é a primeira, é a Defensoria Pública, com 47% de aprovação - não fazendo muito ciuminho, mas com uma boa distância em relação aos outros, muito mais antigos do que a nossa instituição. Por quê? Porque a Defensoria Pública ainda é uma menina que está conseguindo chegar à adolescência. A infância, o crescimento e a nossa adolescência foram pautados por uma luta hercúlea, com muita disposição e com muita dificuldade. Os senhores devem lembrar que, só em 1994, nós tivemos a chance de nascer. Por isso eu digo que a Defensoria, hoje, é uma menina. Ela foi criada em 1988, mas a nossa Defensoria foi instada só em 1994. E, quando vemos esse resultado de que a população reconhece, em termos estaduais, que a nossa instituição é a de maior credibilidade, não precisamos de nenhum outro presente, nem de qualquer outro estímulo para continuar a nossa caminhada.

Com relação ao nosso importante tema de hoje - criança, adolescente e Conselho Tutelar -, eu fui autorizada pela nossa Defensora-Geral a trazer duas propostas, até porque, na prática – e tive o prazer, hoje, de me encontrar com o Conselheiro da Microrregião 7 -, foi exatamente com a Microrregião 7 que eu comecei a fazer essa experiência, e hoje a Defensoria Pública me autoriza a trazer a todos os senhores a disponibilidade de toda a instituição. Penso que Defensoria Pública e Conselho Tutelar, tratando-se da prioridade absoluta que é a criança e o adolescente, têm a obrigação de estabelecer um espaço de interlocução, até porque é de notório saber que ninguém faz nada sozinho. Na experiência que, pessoalmente, tive na Microrregião 7, além de estabelecermos um contato direto por telefone, de o Conselho enviar os ofícios, as guias de encaminhamento, e a gente resolver, ou, ao contrário, eventualmente, quando havia necessidade, eu comparecia na sede da Microrregião 7, trabalhava com os Conselheiros aquela diferença entre a área de família e a área da infância, para aonde eles deveriam conduzir as pessoas para poderem ter acesso à Justiça. A proposta que trago hoje a todas as Microrregiões é me colocar à disposição de vocês, qualquer manhã - depois eu deixo meu telefone -, para o que vocês precisarem. Eu visito os Conselhos, vou procurar trazer todas as informações a respeito de para onde vocês devem encaminhar as pessoas, e tentar, também, dirimir outras dúvidas. A outra proposta que eu tenho, também pela Defensoria Pública, advém de uma experiência que tenho desenvolvido junto à FASE, na Casa Carlos Santos, que atende os meninos infratores ainda sem a sentença condenatória. Faço, eventualmente, mutirões com a família, porque verifico, nos prontuários, que muitos daqueles meninos são fruto de uma família desorganizada, mães e pais, muitas vezes, coniventes com o roubo e o tráfico, porque é uma entrada de dinheiro. Nós fazemos alguns mutirões em dias de visita, para não alterar a rotina da casa, e trabalhamos com o entorno da família, que é encaminhar para buscar alimentos, execução de alimentos, regularização fundiária e, inclusive, a paternidade, que, muitas vezes, é omitida na certidão de nascimento. A gente vê, muitas vezes, como é doída a ausência da figura paterna, até nas visitas que eu faço à Casa Carlos Santos, vejo como eles clamam por isso. Então, essa é outra possibilidade que o Conselho Tutelar, verificando toda essa situação da família de algum adolescente infrator, tem: encaminhar para a Defensoria Pública - depois eu vou dar os endereços, inclusive, o meu próprio telefone –, para que tenhamos a possibilidade de permitir a regularização dos seus direitos.

Eu diria a vocês que trabalhar com a esperança é o que realmente nos motiva todos os dias. Eu penso que não ter um olhar diferenciado para a criança e o adolescente é omitir a possibilidade de um futuro. E esse futuro precisa dessa esperança. Eu terminaria aqui a minha pequena fala, trazendo uma frase do Julio Cortazar que diz que a esperança é como as estatuas, é preciso ir até elas, porque elas não vêm até nós.

Nós, Defensoria Pública, estamos à disposição para buscar essa esperança junto com vocês, na luta para vermos rostos mais felizes, crianças mais alegres e um futuro garantido, com menos violência e com a dignidade a ser preservada. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Muito obrigada, Drª Maria da Graça. Eu tenho certeza de que os Conselheiros Tutelares aceitam, de pronto, a parceria com a Defensoria, que já devem acionar, talvez, de forma menos sistemática. E quero, em nome da Casa, convidar a Defensoria, já que se dispõe a ir a cada uma das Regiões, a participar de uma série de debates que faremos, agora em março, em cada Região do Conselho Tutelar, para promover, ouvir os candidatos a partir da rede de atendimento de cada Região. Já estamos construindo isso, e eu gostaria muito de que a Defensoria estivesse em todas elas, para a gente já criar esse fortalecimento da rede de atendimento.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA FÁVILA JOSINO: Já estamos comprometidos e já firmo aqui, inclusive, a minha disponibilidade. Se acontecer alguma coisa pessoal, nós teremos outros Defensores à sua disposição. A senhora vai ter a nossa participação.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Que ótimo! Lembram, Vereadores, essa é uma das dimensões em que vamos trabalhar, a da mobilização de todos os atores em torno dos direitos. E vamos trabalhar muito, em março, os direitos da criança e do adolescente.

Solicito ao Ver. DJ Cássia, nosso Vice-Presidente, que assuma a presidência neste momento, porque, em alguns minutos, devo atender o Dr. Collares, que visita esta Casa, e a Verª Neuza Canabarro, nossa suplente. Se algum Líder ou Vereador quiser me acompanhar, seria importante.

 

(O Ver. DJ Cassiá assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Sr. Carlos Simões, representante da Secretaria Municipal de Governança Local e Coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente, está com a palavra.

 

O SR. CARLOS SIMÕES: Boa-tarde, DJ Cássia, Frei Luciano, a representante da Defensoria Pública, os Conselheiros Tutelares ainda em exercício, os candidatos ao Conselho Tutelar de Porto Alegre deste ano, os Vereadores aqui presentes; a Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local notabiliza-se, basicamente, a partir do que se ouve falar lá fora, pelo Orçamento Participativo, pelos Centros Administrativos Regionais, os nossos populares CARs, pelas assessorias aos Conselhos Tutelares, mas também desenvolve uma ação, desde o ano de 2005, que se refere à coordenação executiva das políticas públicas para crianças e adolescentes. O que significa isso?

 

(Apresentação de PowerPoint.)

 

O SR. CARLOS SIMÕES: Significa que o Poder Público Municipal tem desenvolvido, desde o ano de 2005, ações que visam a integrar, desfragmentar, qualificar aquilo que as demais Pastas da Prefeitura de Porto Alegre desempenham no atendimento à área da criança e do adolescente. Normalmente, quando ouvimos falar no tema “criança e adolescente” em Porto Alegre, recorremos à Secretaria Municipal de Educação, à FASC e à Secretaria Municipal da Saúde. Basicamente, as três Secretarias notabilizam-se por receber a maior parte das ações, das atividades e, às vezes, também, das queixas: falta de vagas na área da Educação ou na área da Assistência, dificuldade de atendimento nos postos de saúde. Mas a infância, a adolescência, a juventude são prioridades, isso está no Estatuto da Criança e do Adolescente, e nós temos que cumprir a lei. Pensando nisso, temos desenvolvido um trabalho que justamente visa a sair da visão daquelas três Secretarias como espinha principal, para transformar num encontro de trabalho de todas as Secretarias da Prefeitura, onde o tema “criança e adolescente” seja sempre prioridade absoluta.

Está constituída, em Porto Alegre, desde julho de 2010, uma reunião que se chama “Mesa Redonda: Criança, Adolescente e Família”. O que vem a ser isso? Todos os Secretários, com a presença do Prefeito de Porto Alegre, com coordenação do Secretário Cezar Busatto, reúnem-se, mensalmente, com um único objetivo de qualificar, potencializar as ações de enfrentamento à violência, à vulnerabilidade social e pessoal de crianças e adolescentes. Quando falamos “todas as Secretarias”, são todas elas. E aí paramos para pensar, às vezes, o que o DMLU tem a ver com criança e adolescente, o que o DMAE tem a ver com criança e adolescente, o que o DEP e, assim, o que as demais Secretarias que não a Educação, a Saúde e a Assistência têm a ver com a criança e o adolescente? Num trabalho que também desenvolvemos de circulação pelas redes de atendimento da criança e do adolescente, Ver. Cassiá, temos nos dado conta de que é justamente a ausência desses serviços, dessas Secretarias - isso quem nos aponta é a Brigada Militar, o Departamento de Narcóticos, o DECA, vítima também – que pode favorecer o ingresso do narcotraficante e a implantação do narcotráfico naquele território. Pensando assim é que todas essas Pastas se reúnem e não apenas aquelas três que, normalmente, são as relacionadas também pelo Conselho Tutelar. Então, hoje existe esse encontro, que tem uma sistemática mensal, coordenação da Governança Local, com a presença do Prefeito e de Secretários. Por que isso também? Porque, muitas vezes, dentro da própria Prefeitura, nós nos demos conta de que as Pastas não se conheciam. De repente, uma Secretaria não sabia o que a outra desempenhava. O mesmo orçamento, o mesmo caixa e atividades diferenciadas; às vezes, coexistentes; às vezes, sobrepostas. Nessas reuniões, cada Pasta tem que apresentar, mensalmente, o que vem sendo feito, o que evoluiu, o que estagnou, o que vem involuindo e o que deve ser feito para ser superado. Na Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Segurança Urbana, nós temos inúmeras atividades vinculadas ao tema criança e adolescente. Basicamente, as mais importantes são a promoção de enfrentamento à violência e à exploração sexual, através dos Centros de Referência às Vítimas de Violência, cuja coordenação é da Governança Local, através da Profª Iara Wortmann, nossa líder nessa área; o atendimento a mulheres vítimas de famílias com violência, e assim vamos com várias atividades na Secretaria. Temos, na Secretaria Especial de Acessibilidade e Inclusão Social, três ações também vinculadas à área da criança e do adolescente. Na Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer, temos inúmeras atividades, com destaque para o Bonde da Cidadania, que faz a abordagem à criança e ao adolescente em situação de rua, moradia e sobrevivência na Cidade. Temos, na Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio, sete ações vinculadas também à área da criança, do adolescente e juventude. Na Secretaria Municipal da Saúde, temos diversas ações; na Secretaria Municipal da Cultura, na Secretaria Municipal de Educação, na Secretaria Municipal da Juventude. Na Secretaria Municipal de Obras e Viação, temos ações que visam justamente a qualificar esse atendimento nos territórios.

Nessa troca, em que cada Pasta apresenta para todas as outras e o Prefeito está presente, pensamos em algumas estratégias que vêm sendo levadas adiante na gestão Fortunati, como fortalecer a gestão no território. Então, assim como hoje a gente não vê mais crianças e adolescentes em situação de rua na área central, a ideia sempre é levar ao território, para que a gente possa definir essa sua existência junto à família, com convivência familiar e comunitária, revitalizando relações cooperativas na comunidade, garantindo as relações sistêmicas entre as Secretarias e entre as Pastas, com o foco na amostragem da realidade trazida para cada reunião dentro do centro de Governo. As nossas prioridades são prevenção de situações de exploração sexual, de situações de rua, de drogadição e prevenção da institucionalização do atendimento. Muito se fala nos abrigos, nas casas-lares, mas nós também temos nos debruçado - e hoje também é uma meta - para qualificar o nosso sistema de apoio socioeducativo, o chamado fortalecimento de vínculos, que o Sistema Único de Assistência Social delibera em nível nacional. Nós entendemos também que o nosso SASE tem que ser uma porta de entrada sempre aberta, uma permanência o mais breve possível e uma porta de saída qualificada, para que ele possa estar sempre evoluindo.

A elaboração de metas a curto e médio prazos, isso também é o nosso sistema de trabalho hoje. Se vocês puderem olhar rapidamente, antes de concluirmos esta apresentação, pensamos hoje que o que está em vermelhinho pode ser evitado. O trabalho da FASE, do HPS, do Denarc, do DECA, da comunidade terapêutica, da violência sexual e mesmo um abrigo. Trabalhos, hoje, para que essas tarjetas em amarelo sejam o centro de circulação permanente, mas que as verdinhas, a família, as redes da criança, a vida saudável, as casas-lares, as famílias substitutas, mas, basicamente, as famílias, possam ser sempre o centro da criança e do adolescente. E a gente conta sempre com o apoio, com o entendimento e, cada vez mais, com a qualificação dos Conselhos Tutelares de Porto Alegre. Aquilo que era fantasia no passado, hoje nós temos dados para comprovar que não é mais a mesma realidade. Na última gestão, 70% dos Conselheiros que desempenharam a função tinham nível superior; alguns, pós-graduação. Na gestão anterior, esse nível também estava próximo a esse número. E nós temos certeza hoje de que os 50 Conselheiros que estarão trabalhando, a partir dos meses de abril e maio, em Porto Alegre, estarão encontrando sedes mais qualificadas, com equipamentos, com recursos humanos, com recursos administrativos, numa ampla remodelação que a Governança Local está promovendo, com os Centros Administrativos Regionais, para as sedes dos Conselhos Tutelares. Eu sei que é ruim para quem está saindo. De repente, pode dizer que poderia ter tido mais equipamentos, poderia ter tido mais apoio. Nem sempre o Poder Público consegue fazer aquilo no tempo que se deseja. Nem sempre! Mas há uma meta para que, em 2011, esses 50 Conselheiros que ingressam na sua atividade possam ter, com certeza, uma melhor estrutura, um melhor apoio e sempre a parceria do Poder Público Municipal e dos Conselhos Municipais. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Sr. Luciano Elias Bruxel está com a palavra.

 

O SR. LUCIANO ELIAS BRUXEL: Muito boa-tarde a todos e a todas, Ver. DJ Cassiá, Maria da Graça, Carlos, prezados Vereadores, Vereadoras, Conselheiros Tutelares, candidatos, comunidade. Eu agradeço a oportunidade de estar aqui, nesta tarde, refletindo um pouco sobre a realidade da infância, da adolescência aqui da nossa Cidade, que passa por este momento importante que, logo mais, vamos vivenciar, de poder eleger os novos Conselheiros e Conselheiras, que têm uma tarefa tão importante no sentido de garantir que as nossas crianças e adolescentes, sempre que tiverem seus direitos violados, tenham uma proteção integral.

Eu acho que é importante situar o processo que nós vivemos aqui na cidade de Porto Alegre. Nós, em outubro do ano passado, celebramos os 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, que colocou, como eixo central, como prioridade absoluta, a criança e o adolescente. E, ao longo desses 20 anos, aqui na cidade de Porto Alegre, o Poder Público Municipal, instituições não governamentais, Conselhos Tutelares, Conselhos Municipais de Direito, Conselho de Assistência Social, enfim, constituíram-se e se articularam num trabalho que hoje tem feito, com certeza, uma diferença muito importante na vida de muitas crianças e adolescentes da nossa Cidade. Mas, quando nós, dos Conselhos - e aqui represento a sociedade civil organizada que atua na área da infância -, nos nossos tensionamentos políticos, ainda chamamos atenção para a questão da prioridade absoluta é porque reconhecemos que fizemos bastante, mas ainda temos muito a fazer, porque muitas crianças e adolescentes, em Porto Alegre, ainda têm os seus direitos violados, não têm garantidos, plenamente, os seus direitos fundamentais. Se criança e adolescente são prioridade absoluta - e a Constituição e o Estatuto colocam essa prioridade -, é porque não priorizar custa muito caro. A Maria da Graça estava comentando que nós – e, hoje pela manhã, eu tive a oportunidade de fazer uma atividade religiosa no Instituto Carlos Santos, que acolhe os nossos jovens em conflito com a lei -, nos Conselhos, temos debatido muito o problema do ato infracional, seguido tem-se pautado o tema da redução da idade penal. O custo de um adolescente que cometeu ato infracional para o Estado é elevado. O processo de recuperação ou de reestruturação de um adolescente que teve, às vezes, uma infância não bem cuidada ou bem protegida, tem um custo financeiro muito elevado. Mas eu digo que, mais do que o custo financeiro, às vezes, é o custo emocional, subjetivo, de vivermos situações em que todas as intervenções, todos os esforços não conseguem reverter um quadro de comprometimento que um adolescente teve em toda a sua infância. E o ato infracional, às vezes, é a culminância de um sistema de garantia, de direito e proteção que não funcionou bem. Lamentavelmente, a gente perde muitos jovens para o ato infracional, para o mundo do crime, para as drogas, porque o nosso sistema de proteção social não foi suficientemente protetivo. Por isso todo esforço que nós pudermos fazer enquanto família, sociedade, comunidade, escola, Legislativo, Executivo, e pudermos empenhar no sentido de que se tenha centralidade naquilo que hoje o Estatuto da Criança e do Adolescente coloca, e também a Lei Orgânica da Assistência Social, agora no processo de implantação do SUAS - Sistema Único de Assistência Social - na centralidade do direito à convivência familiar e comunitária, nós temos que ter e avançar. E eu acho que nós temos muitas experiências exitosas, na cidade de Porto Alegre, em programas executados tanto pelo Governo, quanto pela sociedade civil, mas ainda os recursos não são suficientes para dar conta de uma realidade, porque a política, nessa área, tem uma trajetória de 20 anos. Não que antes não tivéssemos, mas não com o foco e com a prioridade que, nos últimos anos, tem se dado. Ainda temos muito a avançar.

Hoje é muito comum, e agora, quando se coloca novamente o debate sobre o processo eleitoral, discutir-se a questão da validade do Estatuto, dizendo que o Estatuto só tem direitos, não tem deveres. Eu acho que o foco da discussão, quando se pauta nessa perspectiva, é um foco equivocado, porque, se a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente colocam a centralidade na garantia dos direitos é porque, com toda a certeza, essa criança, tendo a garantia de uma família protetiva, de uma escola e de uma comunidade que a acolham bem, ela vai se desenvolver com todos os seus direitos fundamentais, e, com certeza, a grande probabilidade é de termos um jovem adulto saudável que contribua para o processo de transformação social. Por isso que todo o nosso esforço deve ser em fazer com que o Estatuto da Criança e do Adolescente, cada vez mais, se efetive e se traduza em políticas. Esse tem sido o esforço, ao longo dos 20 anos, na cidade de Porto Alegre, muitos atores participaram, e nós temos que avançar nesse processo.

Um aspecto importante, sobre o qual eu acho que nós temos que refletir hoje é por que, muitas vezes, se questiona o Estatuto da Criança e do Adolescente, dizendo que as crianças só têm direitos, não têm limites. O problema da falta de limites, ou da ruptura das normas de convivência, a agressividade que, muito precocemente, muitas crianças manifestam, a questão dos atos infracionais, hoje, mais graves, envolvendo adolescentes com 12, 13, 14, 15 anos de idade, tudo isso deve fazer com que nos questionemos profundamente por que hoje, tão precocemente, crianças têm uma trajetória com tantas rupturas. Nessa perspectiva, temos que ter uma leitura mais profunda da realidade e entender, com todos os projetos e programas que executamos na cidade de Porto Alegre, que muitas crianças e adolescentes crescem numa família muito fragilizada e, muitas vezes, elas não têm acesso à Educação Infantil. Essa é uma luta em que precisamos avançar muito ainda, para garantir que todas as nossas crianças tenham acesso à Educação Infantil. No ano passado, quando eu tive a oportunidade de participar da prestação de contas dos Conselhos Tutelares, o que me surpreendeu é que apareceu a família como o grande agente violador de direitos; depois, apareceu o Estado, também, com a escola, com o problema que a gente discutiu das Ficais. Mas, para mim, aqui reside um problema que nós temos que enfrentar e que o SUAS coloca, quando se fala na centralidade da família, de ter políticas que ajudem a fortalecer a família do jeito que ela está configurada, com as novas configurações, para que as nossas crianças, desde muito cedo, possam ter uma experiência sadia e internalizar, de uma forma muito mais saudável, a figura da autoridade paterna, materna, ou que pode se dar por uma tia, por uma avó. Se hoje nós temos um problema grave com a falta de limites para a criança e o adolescente, e que está, às vezes, no bojo de muitos problemas com a escola, na relação no âmbito familiar, é porque nós temos que ajudar, fazendo com que nossas crianças tenham um espaço de socialização, e a Educação Infantil, para mim, é um espaço privilegiado. O Carlos tem acompanhado os programas de apoio socioeducativo da Cidade, esteve na FASC, trabalhando, é impressionante. E quem acompanha os programas executados na Cidade sabe que é muito diferente uma criança que passou pela Educação Infantil. Quando ela chega na escola fundamental, quando ela ingressa num programa socioeducativo, ela já tem experiência de convivência, de socialização, e os problemas da falta de limites são muito menores. Quando nós conseguirmos garantir esse direito fundamental a todas as nossas crianças, vamos dar, com certeza, um salto muito grande, na cidade de Porto Alegre, no sentido da garantia dos direitos da criança e do adolescente. Em relação a outras políticas, por exemplo, como a situação do programa Ação Rua, que faz abordagem de rua, como os outros programas de apoio socioeducativo, como os outros programas de trabalho educativo, elas, muitas vezes, entram em ação com uma criança que já teve muitas fraturas, direitos não garantidos. Então, quanto mais cedo nós conseguirmos garantir plenamente os direitos da criança e do adolescente, menos nós vamos precisar da intervenção do Conselho Tutelar. Se nós formos olhar, nos registros dos Conselhos Tutelares, nós vamos ver que a negligência, a falta de uma vaga na escola, todo esse material que a Câmara, depois, vai distribuir, onde fala das competências do Conselho Tutelar...

Então, nesse sentido, nessa luta que Porto Alegre construiu para avançar com relação aos direitos da criança e do adolescente, nós temos, ano a ano, progredido, mas ainda temos que conclamar o Poder Executivo, o Legislativo, as instituições que trabalham, enfim, toda a rede, para a gente avançar no processo de qualificação das nossas políticas, com uma centralidade muito grande na garantia de que todas as nossas crianças possam ter assegurado o direito à convivência familiar e comunitária. O Carlos antes apontou, como uma preocupação - e aí estão os Conselheiros -, a quantidade de crianças em acolhimento institucional. É preocupante essa quantidade. Pelo avanço do crack ou por não conseguirmos fazer com que as políticas de apoio sociofamiliares sejam mais efetivas, muitas crianças são obrigadas, às vezes, a deixar a sua comunidade por vários motivos. Precisaríamos de muito tempo para analisar motivo a motivo, mas hoje temos, com toda a certeza, a garantia de poder dizer que, se nós conseguirmos qualificar as políticas de apoio à família, dentro da perspectiva que o SUAS propõe, poderemos, em muitas situações, evitar acolhimentos institucionais, abrigamentos de crianças, o que, às vezes, deixa marcas profundas. Também se deve dizer, com muita justiça, que, nos últimos anos, no processo de reordenamento dos abrigos, abrimos, na cidade de Porto Alegre, muitas casas-lares, abrigos residenciais. Mas essa não deve ser a primeira política. Devemos fortalecer e, dentro do possível, garantir e lutar para que a nossa criança possa permanecer dentro da sua família. Quando, na família, há problemas, temos essa instituição tão importante que é o Conselho Tutelar para intervir, temos os programas de apoio sociofamiliares, no sentido de fazer um trabalho com essa família. Se não é mais possível que a criança permaneça, se há motivos graves para isso, que se possa trabalhar com a família extensa e, em último caso, então, buscar o acolhimento institucional. Eu acho que foi um dos avanços; no Conselho, ano passado, chegamos a discutir isso, sei que hoje também se discute na FASC. Nós temos que avançar na discussão de um programa de acolhimento familiar em família substituta, algo alternativo. A gente sabe que hoje, em muitos outros países, antes de um abrigamento, de um acolhimento institucional, é oferecida a possibilidade de um acolhimento dessa criança ou adolescente que tem seus direitos violados em uma família acolhedora, uma família substituta.

Então, dentro deste contexto, nós poderíamos falar e construir juntos, na Cidade, muitas alternativas. Eu acho que o Carlos apresentou o esforço que a Prefeitura faz para orquestrar, com as diferentes Secretarias, esse processo. O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente tem discutido muito, ao longo dos anos; temos os Conselhos Tutelares, as microrredes que discutem, temos as organizações discutindo, enfim, temos o Conselho de Assistência Social, mas nós precisamos, e por muitos anos ainda, para dar conta de um passivo que se acumulou ao longo de décadas, de um trabalho muito grande, intenso. Precisamos muito do apoio desta Casa, dos Vereadores, dos novos Conselheiros. Esperamos ter um bom processo eleitoral, para escolhermos bons Conselheiros, que possam fazer intervenções e fazer com que a nossa rede venha a ser mais protetiva, que a nossa família possa ser mais protetiva, que as nossas escolas tenham processos pedagógicos cada vez mais qualificados, para podermos fazer o acolhimento e entendermos, cada vez melhor, a criança e o adolescente na sua realidade, dentro das suas histórias, dentro dos seus problemas, que cada vez são mais complexos. Se nós formos olhar a quantidade de profissionais na área da Saúde, do Serviço Social, da Psicologia, da Pedagogia, educadores sociais, enfim, atores que trabalham nas instituições, nós temos, nos últimos anos, expandido muito essa rede, mas ainda precisamos, muito e muito, avançar, discutir e aprofundar essa questão de todo o nosso trabalho cada vez mais articulado em rede, no sentido de garantir que a criança e o adolescente sejam prioridade absoluta.

Em relação, agora, ao processo eleitoral, que é o tema que faz com que tenhamos a oportunidade de discutir na Cidade a questão da criança e do adolescente, ainda é um desafio muito grande avançarmos na compreensão do papel e da importância do Conselho Tutelar. Hoje, há pouco estava conversando com os Conselheiros, nós circulamos na Cidade e escutamos muitas críticas em relação ao atual trabalho do Conselho Tutelar, das instituições, mas também deve-se dizer, com muita justiça, que o nosso trabalho com a criança e o adolescente hoje é muito complexo, porque as situações são difíceis. Por isso nós precisamos, neste processo de escolha, optar por pessoas com compromisso ético, que tenham disposição de fazer e de gastar sua vida num compromisso muito profundo com o atendimento, com a escuta das nossas famílias, das nossas crianças, e que possam fazer intervenções qualificadas no sentido de a gente poder acessar, com qualidade, todos os serviços que a Cidade oferece dentro do Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria, na rede, nas instituições de educação e de saúde. Um papel importante que os Conselhos Tutelares também exercem é o de tensionar o Poder Público, para que a gente sempre avance no processo de qualificação das estruturas de proteção à nossa infância e adolescência. Quanto mais cedo nós pudermos cuidar da criança e do adolescente, menos problemas nós teremos com os nossos adolescentes, com os nossos jovens, no futuro. Por isso que o nosso grande esforço deve ser no sentido de a gente garantir que, cada vez mais, nós tenhamos essa centralidade na criança e no adolescente como prioridade absoluta em todas as políticas. Muito obrigado.(Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Frei Luciano Elias Bruxel, é um prazer e uma honra o senhor estar aqui, mais uma vez, nesta Casa, dando a sua contribuição. Eu passo a presidência dos trabalhos à nossa Presidente Sofia Cavedon.

 

(A Verª Sofia Cavedon reassume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. DJ. Eu vou recuperar, nas notas taquigráficas, a fala de vocês dois. Peço mil perdões, mas a Verª Neuza e o Dr. Alceu Collares chegaram aqui, e eu não podia deixar de recebê-los. Estavam questionando, fortemente, a respeito do que está sendo discutido em relação à assinatura da Verª Neuza, no Requerimento da CPI. Fiz o registro e passei cópia de todo o processo que está em andamento na Casa.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Srª Presidente, eu, em nome da Bancada do meu Partido - Ver. Mauro Zacher, nosso Líder; Ver. Tarciso, Ver. Luciano Marcantônio e Ver. Mario Fraga – e tenho certeza de que em nome da grande maioria dos Vereadores, inclusive o Ver. Professor Garcia reiterou isso agora, solicito um minuto de silêncio pelo falecimento do grande Deputado Federal do PDT, Sr. Floriceno Paixão, criador do 13º salário. Obrigado.

 

O SR. PEDRO RUAS: Presidente, adendando o Requerimento corretíssimo do Ver. Dr. Thiago, gostaria de fazer o registro de que Floriceno Paixão foi o maior legislador da história da previdência social no Brasil e da área trabalhista, tendo, talvez, próximo dele, na história do País, somente o Senador Paulo Paim. Próximo dele! Também foi, por muitos anos, um homem cassado pela ditadura militar, por defender os trabalhadores. O PSOL se soma a este Requerimento. Nós faríamos o Requerimento, eu estava aqui para fazê-lo, e fico contente de o Dr. Thiago já tê-lo feito. Tive a honra de conhecer e conviver muito com Floriceno Paixão, um grande mestre, um homem que dedicou sua vida aos direitos trabalhistas. Então, fazemos este minuto de silêncio com profundo pesar, mas sabendo da importância da homenagem.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Também, Presidente, gostaria de me somar, muito especialmente em função de ter convivido com a família de Floriceno Paixão e de saber do seu trabalho na luta democrática do nosso País.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Deferimos o pedido.

 

(Faz-se um minuto de silêncio.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Verª Sofia, fico muito feliz por estar neste evento com pessoas tão qualificadas, que acabaram de expor suas ideias, suas propostas acerca do tema da criança e do adolescente. Fiquei muito preocupado dias atrás, quando li uma provocação, feita numa das páginas dos nossos jornais, acerca do IDEB, do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica na cidade de Porto Alegre, porque eu me preocupo com a educação desde a primeira infância. Acho que nós evoluímos com os convênios que fizemos entre as creches comunitárias e o Poder Público Municipal, porque acho impossível que uma cidade como a nossa, de um dia para outro, possa ter escolas municipais públicas, dirigidas pelo setor público diretamente. Mas, com as creches comunitárias conveniadas recebendo não o que deveriam receber, mas recebendo algum tipo de ajuda, e com a assistência pedagógica, eu acho que foi um grande avanço conquistado por todos nós. Porém, nós estamos abaixo, mas muito abaixo da média nacional do IDEB. Por que isso está acontecendo? Quais são as razões? Isso merece uma reflexão muito grande. Nós estamos às vésperas de uma eleição do Conselho Tutelar em Porto Alegre. Onde estão nossos jovens, nossas crianças? Elas estão nas escolas, estão se evadindo, estão estudando em período integral? Como elas são recebidas, como elas são tratadas, como está a alimentação? Esses são temas que nós temos que tratar, e esta Casa tem que fiscalizar, mais e mais e mais, todas as verbas públicas, para saber se nós estamos investindo bem.

Há países em que tanto se fala da Educação, como a Coreia do Sul, a Índia. E aqui? O IDEB abaixo da média nacional, sendo que um professor do ensino público de Porto Alegre recebe bem acima do que é proposto pelo piso nacional, recebe muito mais, três vezes mais do que recebe um professor da rede estadual. As nossas escolas não estão caindo, e as do Estado estão em precariíssimas condições. Então, o que está acontecendo? Será uma espécie de bornout dos educadores, como dizem os americanos? Ou seja, apagou a chama do professor? Ele não está mais encantado com o ensino e a aprendizagem? Será esse um fenômeno que está assolando a cidade de Porto Alegre? Mas é um pouco estranho, porque os mesmos professores, às vezes, dão aula na rede estadual, e nós estamos com o IDEB acima da média de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul. Alguma coisa está errada em Porto Alegre, algo está errado. Seria um problema de uma overdose, de uma congestão de teorias pedagógicas, educacionais e didáticas, professora, colega e amiga Sofia? É o que alguns dizem. Muitas coisas se falam. Sei, inclusive, que um livro sobre essas questões está sendo lançado na Cidade. E o que nós vamos dizer? Nós achamos que há problemas, assim como vocês que militam diretamente nessa problemática da criança e do adolescente devem ter visto e ouvido que, muitas vezes, a escola precária é o ancoradouro da família que não existe. Se nós fizermos um levantamento, nós veremos que hoje, em muitas famílias da periferia, o cabeça da família é uma mulher, é a mãe. Se nós lermos os livros que tratam da questão dos apenados no Brasil – li, por exemplo, alguma coisa de MV Bill e outros -, veremos que essa gurizada que foi para o crime pensa sempre numa pessoa, na mãe, porque a mãe é presente, o pai é ausente. Onde estão os problemas, Frei Luciano? São questões que não me fazem calar. Por isso eu ocupo este tempo, para que a gente possa fazer um grande diálogo este ano, nesta Cidade, aproveitando o mês de março, com a ampla divulgação desse material que está sendo distribuído pela Câmara Municipal, inclusive, numa parceria com a Corag, que, generosamente - não é, Sofia? –, está nos ajudando, isso é importante também registrar. Todos nós, a cidadania, temos responsabilidades, mas temos que cobrar a parte que compete ao Governo. Pagamos tributos, e o retorno tem que vir, a começar pela criança. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PEDRO RUAS: Srª Presidente, gostaria de requerer, com a sua licença, que, sobre esse tema a Verª Maria Celeste falasse também em nome do PSOL. Obrigado.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; queria cumprimentar a Defensora Drª Maria da Graça Josino, que está representando a Defensoria Pública; o Frei Luciano, ex-Presidente do Conselho Municipal e do Fórum de Entidades, grande militante da área da infância; o Carlos Simões, Coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência; os Conselheiros Tutelares, a Coordenação, que está aqui conosco também; a Leoni, o Joãozinho, o Mumu e vários Conselheiros da Zona Sul; cumprimentar, especialmente, o Ver. Pedro Ruas, que pede que eu faça o pronunciamento em nome dele e da Verª Fernanda Melchionna – obrigada pela deferência - pela história e pela longa atividade em defesa da criança e do adolescente, tudo construído, querida Leoni, com a nossa militância lá na Microrregião 2, quando tive a oportunidade de ser tua colega, Conselheira Tutelar, e, a partir dali, desenvolvi todo o nosso trabalho, especialmente aqui, na Câmara Municipal, em defesa dos direitos da criança e do adolescente. Gostaria de parabenizar fortemente a nossa Presidente, porque está protagonizando uma grande campanha, na Cidade, de fomento aos direitos da criança e do adolescente e, sobretudo, uma grande divulgação da eleição dos Conselheiros Tutelares. Esta Casa, Verª Sofia, teve a oportunidade, nesses últimos dez anos, de compor, recompor, refletir, tratar da lei municipal que criou os Conselhos da Cidade, especialmente o Conselho Tutelar, num grupo de trabalho no qual todos os Partidos estiveram envolvidos. Primeiro, tive a grata satisfação de ser Relatora da Comissão Especial, presidida pelo Ver. Professor Garcia. Depois, na Legislatura seguinte, quando nós aprofundamos, refletimos, discutimos e implementamos várias mudanças no processo eleitoral, entendemos a necessidade de, ao menos, haver, para aquela eleição, a cobrança do Ensino Fundamental para os candidatos ao Conselho Tutelar. Para além disso, fomos nos aprofundando na metodologia de trabalho, nas questões da estrutura do Conselho, tudo isso foi discutido naquela primeira Comissão Especial.

Nesta Legislatura, tivemos outra Comissão, presidida pelo Ver. Bernardino Vendruscolo, na qual tive a honra, novamente, de ser Relatora da proposta de alteração da lei na qual não só foram criadas duas novas Microrregiões, mas, também, foi aprimorado o nível de exigência para os candidatos aos Conselhos Tutelares, quando passamos a pedir o Ensino Médio e aumentamos, inclusive, a nota exigida na prova, para qualificação do Conselho Tutelar. Por que isso? Porque os Vereadores querem fazer diferente, querem incidir sobre os Conselhos Tutelares ou sobre as candidaturas? Não. Foi uma grande parceria, pois nós tivemos, pari passu, em todas as reuniões das duas Comissões das quais tive a oportunidade de ser Relatora, o acompanhamento da Coordenação dos Conselhos Tutelares, junto com o Executivo local, junto com as entidades não governamentais, com o Conselho Municipal. Assim, aprimoramos a lei coletivamente.

Porto Alegre, mais uma vez, dá um exemplo de cidadania, de democracia participativa, onde Câmara Municipal, Executivo e sociedade, especialmente os operadores da área dos direitos da infância, trabalharam juntos, para que nós pudéssemos chegar ao processo que hoje muitos de vocês enfrentaram para se preparar à candidatura ao Conselho Tutelar.

E uma das grandes preocupações que nós temos, Presidente, é com a rede de atendimento. Acho que aprimoramos o processo de eleição do Conselho Tutelar e vamos verificar, Ver. Toni Proença, logo a seguir, que teremos, com certeza, Conselheiros mais qualificados, mais capacitados. Mas eles não poderão trabalhar, se, efetivamente, Carlos Simões, não houver uma rede de atendimento com estrutura adequada não apenas do Conselho Tutelar, mas, sobretudo, dos programas de atendimento na Cidade. Nós precisamos, sim, ter atendimento na área da drogadição, nós precisamos atender os adolescentes que entram em surto e colapso, muitas vezes, pela drogadição e não têm para onde ser encaminhados. Nós precisamos dar conta de uma demanda reprimida na Educação Infantil, nós precisamos dar conta de serviços e programas atuantes na periferia da nossa Cidade, especialmente no que tange ao SASE, aos extraclasse, onde estamos perdendo a nossa meninada para o tráfico, porque não se tem a oportunidade, efetivamente, de oferecer programas e projetos para as nossas crianças.

Avançamos ao longo dessa história graças ao movimento social, ao movimento dos operadores de direito da nossa Cidade que sempre estiveram ao lado, pari passu com os Conselheiros Tutelares, exigindo e cobrando do Executivo política pública para a infância no Município. Queremos muito mais, queremos Conselheiros capacitados. Estaremos acompanhando a eleição dos Conselhos Tutelares, fiscalizando, o que é o papel do Vereador, mas nós queremos, acima de tudo, que o Poder Público cumpra com sua tarefa e, efetivamente, traga mais qualidade para a rede de atendimento, protagonizando, assim, a retaguarda necessária aos Conselhos Tutelares. Obrigada, Srª Presidente, obrigada pela sua tolerância! (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Presidente, Sofia Cavedon; ilustres convidados - Frei, Carlos, nossa Defensora Pública da Restinga -; venho, Verª Maria Celeste, usar o tempo de Liderança, porque o tema é muito importante, e é importante que possamos abordá-lo neste momento e falar exatamente do que a senhora acabou de mencionar aqui: da rede de atendimento especializado, dos atendimentos aos programas. Um dos locais que dão o suporte a essa rede de atendimento - vejo os nossos Conselheiros Tutelares lá e costumo observá-los nesse local - é o Hospital Presidente Vargas. Venho dizer que, realmente, hoje é um dia muito importante para a Saúde de Porto Alegre e do Estado, principalmente na possibilidade de dar suporte a essa rede de atendimento da criança e do adolescente. Está-se avizinhando um grande problema que é a extinção do contrato da Fugast, e eu quero fazer, primeiro, um breve histórico sobre isso.

Em 1995, o Hospital Presidente Vargas encontrava-se à beira do fechamento, pois ele havia sido deixado pelo Governo Federal e passava à tutela da Faculdade Federal de Ciências Médicas. Para evitar o fechamento da instituição por conta das dificuldades da Lei de Responsabilidade Fiscal, foram selecionados e contratados, por convênio entre a Secretaria Estadual da Saúde, o Ministério da Saúde e a Fugast, profissionais de várias categorias e especialidades, com a finalidade de manter e qualificar o Hospital. Esses profissionais destacados hoje somam quase 500 e eram e são, no Hospital Presidente Vargas, 288. Eles não só deram a resposta desejada, como também somaram conquistas ao Hospital. Exemplo inconteste dessa dedicação é o título de excelência que o Hospital recebeu, de “Hospital Amigo da Criança”. Em 1997, foi aberto um processo, junto ao Ministério Público, questionando o uso, pelo Estado, de funcionários não concursados. A ação estendeu-se por 13 anos, e, em outubro do ano passado, a Justiça determinou a devolução desses funcionários da Fugast, o que deverá ocorrer no próximo dia 10 de março. Tomara que não ocorra, trabalhamos para que não ocorra. Ora, todos sabemos que a Fugast não tem onde acomodar esse pessoal e, consequentemente, terá que se desfazer desses trabalhadores, indicando-lhes o caminho da rua. O maior problema se dará na manutenção de alguns setores do Hospital Presidente Vargas, como, por exemplo, a UTI neonatal, o centro obstétrico, gestação de alto risco, medicina fetal, cirurgia oncológica e videolaparoscopia - único serviço de residência médica desta especialidade no País -, que perderão mais de 50% de seus experientes e qualificados profissionais. Isso deve ocasionar – tomara que não ocorra – um colapso no atendimento desse Hospital. Se o Ministério Público acha que ninguém é insubstituível, a Saúde não é uma ciência exata. O conhecimento adquirido pelo corpo clínico e pelos técnicos de enfermagem da Fundação, nos últimos 15 anos, tem como conquista a alta complexidade do Hospital.

Quero fazer aqui, em público, uma Moção de apoio aos Deputados Estaduais do PDT que votaram e assinaram a PEC que vai tentar possibilitar que os profissionais da Fugast permaneçam com as suas atividades. Eles não são responsáveis pela gestão. Eles não são responsáveis! Então, quero aqui, de público, agradecer ao Deputado Adroaldo Loureiro, ao Deputado Alceu Barbosa Velho, ao Dr. Basegio, ao Gerson Burmann, ao Gilmar Sossella...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr. Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DR. RAUL TORELLY: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; autoridades aqui presentes, Conselheiros, todos que nos assistem, Vereadores, Vereadoras, saúdo a todos na pessoa do Frei Luciano, um grande batalhador pela criança e pelo adolescente, e da Verª Celeste também, que traz a expertise do Conselho, já de tantos anos. Nós, que trabalhamos como médico há 30 anos, principalmente em comunidades carentes da nossa Cidade - até hoje trabalhamos no Campo da Tuca, ali no bairro Partenon -, temos convivido com a questão da criança e do adolescente, com a acentuação das dificuldades que o próprio tráfico de drogas vem trazendo, o que, sabemos, acaba gerando um problema muito grande. Eu, especialmente, tenho-me dedicado à causa da Saúde. Quero me somar ao que o Ver. Dr Thiago, colega médico, nos falou agora sobre o pessoal da Fugast. Realmente, temos que resolver essa questão de uma maneira que os funcionários sejam respeitados, que o trabalho que eles desempenham – já temos aí mais de 15 anos – seja respeitado. Então, vamos encontrar uma solução digna para isso, para que todos saiam bem desse processo: a população, os funcionários e a própria Justiça, que se colocou nessa situação, infelizmente. Eu acredito que é muito oportuna hoje a vinda aqui dos nossos Conselheiros, das suas representações, porque se aproxima o processo eleitoral nos Conselhos. Nós realmente precisamos que os Conselhos funcionem muito bem na sua integralidade, para que possam fazer o encaminhamento das questões das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Eu trabalho muito em cima de um direito humano fundamental que é o planejamento familiar, tanto é que já faz um ano e meio que conseguimos implantar um dos meus Projetos, casualmente no Hospital Presidente Vargas, tão referido aqui, um centro municipal para definição de uma atenção básica no planejamento familiar, por parte da Prefeitura, de uma maneira mais integral e mais intensa.

Eu acredito que tem tudo a ver o planejamento familiar com a questão da criança e do adolescente, porque não adianta nós planejarmos apenas o atendimento às crianças que nascem. É importante conseguir que as famílias sejam bem estruturadas, levar a informação, levar o acesso real ao planejamento familiar a quem mais precisa. Isso passa, com certeza, por uma integração maior entre as unidades de Saúde de toda a Cidade e os Conselhos Tutelares, que lidam com a vulnerabilidade social diariamente, diuturnamente e percorrem os mesmos caminhos e as mesmas situações. Eu acredito que são potencializadores muito importantes no planejamento familiar e nas questões familiares, para que possamos, em cima de uma dignidade e de um trabalho real forte, público, em cima das famílias, indo lá, indo nas casas, não esperando que nos procurem, fazer com que essa dinâmica venha, aos poucos, a melhorar nesta Cidade. Muito se faz, a gente sabe que o trabalho de cada um de vocês é extremamente importante, que muita coisa se consegue, não adianta a gente pegar apenas pelas nossas deficiências. O dia a dia, todos nós sabemos, é pesado, é difícil, mas o trabalho vem sendo feito dentro das dificuldades que todos sabemos que existem.

Então, quero deixar uma mensagem positiva, de integração entre a questão do planejamento familiar e o atendimento à criança e ao adolescente. Desejo muito sucesso no pleito àqueles que realmente têm essa experiência, têm esse carinho, têm esse trabalho pelas nossas crianças e adolescentes, para que todos nós, em Porto Alegre, possamos ter uma valorização, um atendimento, uma Saúde boa, uma dignidade na área da Educação. Tudo isso tem a ver com o encaminhamento procedente e pertinente que vem sendo dado pelos nossos Conselhos Tutelares. Espero que tenham sucesso, porque esse sucesso é, com certeza, o sucesso da nossa cidadania, das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Saúde para todos!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Saúdo a nossa Presidente, Verª Sofia Cavedon; os nossos convidados no dia de hoje - a Drª Defensora Maria da Graça, o Frei Luciano, o Carlos Simões -, como também os Conselheiros Tutelares aqui presentes, os funcionários da Fugast, os senhores e as senhoras que estão nos acompanhando pela TVCâmara. Divido minha fala em dois momentos. Inicialmente, quero não só saudar todos os candidatos, mas também os Conselheiros Tutelares que, no dia 27, das 8h30min às 17h30min, estão enfrentando esse grande desafio das eleições do Conselho Tutelar. Falo em desafio, porque é uma situação muito peculiar. Muitas vezes, imaginamos que ser Conselheiro Tutelar é uma coisa boa, é uma barbada, se ganha bem e muito pouco trabalho aparece, porque, na verdade, a mídia não divulga, nem eles têm inserção na mídia. Mas nós podemos dizer com segurança que o Conselheiro Tutelar tem mais do que a função de um assistente social ou até de um médico, porque ele recebe o problema e fica angustiado, muitas vezes, por não conseguir resolvê-lo. Eu falo porque, como Presidente da Comissão de Saúde no ano passado, visitamos, Frei Luciano, algumas clínicas de drogadição em Porto Alegre. São três clínicas conveniadas com o Município, as três oferecem dez vagas para tratamento de drogadição, e o Poder Público Municipal não utiliza as dez vagas existentes. Posso citar uma delas, a Casa Marta e Maria. Hoje o Poder Público está utilizando duas vagas, sendo que tem dez disponíveis. Sabem quantas crianças e adolescentes estão aguardando? Mais de 300 crianças estão aguardando, e o Conselheiro Tutelar tem que entrar na Justiça, para garantir a vaga dessa criança, desse adolescente que está ali numa situação de vulnerabilidade, sim. Além de a família ter uma certa dificuldade em manter essa criança naquela situação, os grandes traficantes estão ali pressionando para que ela volte ao seu habitat, que é o que eles mais querem, chamar essa criança para si e tirar da família.

Então, ser Conselheiro Tutelar hoje é um grande desafio e, por isso, merece o nosso apoio e, mais do que isso, o apoio institucional, porque nós percebemos a grande importância que tem o Poder Público em dar estrutura às regionais do Conselho Tutelar. Muitos prédios, na sua estrutura, são muito precários, não dão condições a esses Conselheiros. É importante, neste momento, citar isso, porque eles merecem a nossa atenção, o nosso apoio para a busca da dignidade deles e de quem eles recebem para fazer a inclusão social.

Por outro lado, quero falar dos trabalhadores da Fugast, assunto trazido aqui pelo Dr. Raul e pelo Dr. Thiago. Nós sabemos que a PEC ora ali desenvolvida, ou defendida pelo Governo do Estado, ou na Assembleia Legislativa, pode ter dificuldade de tramitação. Mas existe uma grande saída, aprovada recentemente nesta Casa, que é o IMESF, o Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família. Esse Instituto agora, aprovado e legitimado, pode, sim, fazer a contratação emergencial, porque se trata de uma situação de calamidade pública. São mais de 400 servidores que podem ser demitidos. Portanto, sugiro aqui ao Presidente da Comissão de Saúde que faça uma reunião urgente com o Secretário Municipal de Saúde, para que se façam dois movimentos. Uma contratação emergencial por quatro meses e que, nesse período de quatro meses, possa haver uma prova seletiva para esses trabalhadores, com direito à prova de títulos, porque eles estão há anos no sistema e merecem uma pontuação diferenciada. Existe saída, basta ter vontade política, e é isso que nós queremos que aconteça na cidade de Porto Alegre. Portanto, desafiamos o Governo a ter essa iniciativa, porque, nesse aspecto, é legal, e assim poderemos ter a solução imediata para esses trabalhadores. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

(O Ver. Toni Proença assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Prezados convidados, Drª Defensora, nossos queridos Conselheiros, funcionários da Saúde, Vereadores e Vereadoras; eu acho que faremos pouco, por mais que fizermos, na tentativa e no esforço de proteger nossas crianças. Porto Alegre se orgulha de ser a primeira Capital a instituir os Conselhos Tutelares, se orgulha do Prêmio Prefeito Criança. Foram instituídos nesta Casa, por lei, pela mobilização popular, Frei Luciano, o Fórum das Entidades, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, além do Conselho Tutelar. Esta Casa tem várias leis que vigiam, que punem quem viola os direitos da criança e do adolescente. E esta Cidade tem - eu não me canso de falar – quase 500 instituições da sociedade civil que atuam em parceria com o Governo Municipal, atendendo crianças e adolescentes.

A tarefa do Conselheiro Tutelar, que vimos aprimorando, é complexa e difícil, tanto porque é difícil resolver os problemas das crianças, mas, principalmente, porque tem que haver uma capacidade de reflexão, uma ação permanente, pois cada situação, cada criança, cada adolescente traz um desafio diferenciado, e é muito delicada a intervenção dos nossos Conselheiros.

Eu enxergo o Conselho Tutelar, Verª Maria Celeste, como um grande vigilante, aquele que vai ativar, questionar, levantar os temas para que as políticas públicas de atenção à criança, de atendimento à criança, de defesa da criança cada vez sejam mais articuladas, mais ajustadas, mais presentes, mais alargadas e mais eficazes. E eu quero aqui reconhecer que nós vimos melhorando e aprimorando a lei, Ver. Mauro Zacher, em função da experimentação, porque só se melhora, só se aprofunda e se consegue avançar vivendo, experimentado, avaliando, como avaliamos, muitas vezes, de forma tensionada, mas avaliando a atuação do Conselho Tutelar, do conjunto das políticas, e tem algumas que são resultado dessa ação. Eu e o Frei Luciano comentávamos que nós temos que comemorar, nessa Cidade, a Ação Rua descentralizada, porque ela hoje é uma grande parceira do Conselho Tutelar e das crianças. E temos muitas outras que temos que avançar.

A Presidente Dilma - aqui o Ver. Adeli provoca o tema da Educação - fez o seu primeiro pronunciamento voltado para a Educação, dizendo que só seremos um país rico, quando não tivermos pobreza, e que a Educação é, para ela, o meio mais seguro de chegarmos a esse país sem pobreza, a esse país dos nossos sonhos. Ela ainda falou da pré-escola, que investirá na pré-escola, investirá na formação permanente, investirá no ensino técnico, na qualificação, na permanência e no enfrentamento à evasão e à reprovação das crianças nas nossas escolas, portanto, na qualidade da Educação. Então, quando um Conselheiro Tutelar achar que não precisa atuar na Educação, porque já existe quem atue, ele se equivoca, porque ali está a grande rede, a porta de entrada, a rede que pode ganhar essas crianças, que pode ter resolutividade, que pode fazer a diferença, e é por ali que passam todas as nossas crianças.

Eu quero comemorar como uma das vitórias do Conselho Tutelar, fruto de uma luta intensa, o Vou à Escola para o Ensino Médio, a passagem gratuita, a percepção dos Conselheiros Tutelares que estão encerrando o mandato de que esse é um nó importantíssimo. Srª Defensora, nós temos só 50% dos nossos adolescentes, entre 15 e 17 anos, frequentando a escola. Eu não posso falar das consequências do crack, que é estar na delinquência, no roubo, se eu não enfrento a causa, se eu não consigo levar as crianças, os adolescentes para a escola, o básico para que eles tenham perspectiva de vida.

A nossa intenção este ano, a intenção do conjunto da Câmara de Vereadores, nós sabemos que uma campanha não resolve, mas nós queremos chegar a muita gente, convido os Vereadores, amanhã nós já vamos panfletear os professores, que terão a primeira grande reunião de início de ano, chamando a atenção para o tema do Conselho Tutelar. Semana que vem, vamos às escolas, vamos fazer os debates, vão pelos Correios cem mil, disponibilizaremos nos gabinetes, para que V. Exas trabalhem esse tema. Não queremos só as campanhas, queremos ser mobilizadores, para que esta Cidade se orgulhe de cuidar das crianças, do direito que as crianças têm de crescer e de se desenvolver felizes, seguras, íntegras e na sua total potencialidade. Nós vivemos momentos maravilhosos neste País, mas serão momentos perfeitos quando as nossas crianças estiverem protegidas e com os seus direitos garantidos. Então, essa é a grande esperança desta eleição do Conselho Tutelar. E, mais do que isso, o compromisso diário da militância, para que as políticas públicas resolvam e atendam esses direitos. Obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

(A Verª Sofia Cavedon reassume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Toni Proença está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TONI PROENÇA: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Drª Maria da Graça Josino, Defensora Pública; Frei Luciano, ex-Presidente do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente e também ex-Presidente do Fórum de Entidades, nós comentávamos sobre o ônus e o bônus da presidência, quando a Verª Sofia ocupou a tribuna. Querido Carlos Simões, que nos brindou com a estratégia de atuação do Governo na rede de retaguarda na defesa dos direitos da criança e do adolescente, que é necessária e imprescindível no trabalho dos Conselheiros Tutelares. Vi, pela apresentação do Carlos Simões, que existe a preocupação de superar a principal adversidade de uma gestão pública, que é a territorialidade e a transversalidade. Quando o Governo se propõe a transversalizar territorialmente as suas ações governamentais, o Estado se faz presente, e já são minimizados os problemas. Eu quero cumprimentar os Conselheiros, ex-Conselheiros, candidatos ao Conselho Tutelar que hoje nos visitam e nos prestigiam. Faço isso em nome da Leoni, velha e querida amiga, que, apesar da sua juventude, já conheço há bastante tempo. Presidentes e dirigentes de entidades comunitárias, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. A democracia avança tanto mais avançam a aceitação dos conflitos, a geração de direitos e a difusão da informação e do conhecimento. Esses três princípios e conceitos fortalecem a democracia. E é justamente aí que começa o trabalho dos Conselheiros Tutelares. Aqueles que já são Conselheiros aprenderam isso ou na teoria ou na prática da atuação do seu trabalho como Conselheiro Tutelar. Aqueles que ainda não são Conselheiros recebam esse conselho: aceitar os conflitos, gerar direitos e difundir conhecimento, porque o trabalho do Conselheiro Tutelar, na verdade, é a defesa dos direitos. Mas como defender os direitos de uma criança cuja família não tem os seus direitos preservados? Como defender os direitos de uma criança ou de um adolescente cuja família não tem uma casa para morar com dignidade, cujos pais não têm emprego para gerar renda e sustentar a sua própria família? Portanto, o trabalho do Conselheiro vai muito além da defesa dos direitos, vai por clamar, junto com a sociedade, a presença imprescindível do Estado no território, nas comunidades, com políticas públicas. A presença do velho e bom Estado se dá mesmo em parceria com entidades, modelo que Porto Alegre elegeu para zelar e tentar minimizar os problemas das nossas crianças e adolescentes, com as creches comunitárias, as entidades. Porto Alegre elegeu esse modelo, e ele vem dando certo. Precisa de correções? Precisa. Precisa avançar? Precisa. Mas ele vem dando certo, é um exemplo que deu certo. É a parceria do Poder Público com a sociedade organizada, e, nessa parceria, é preciso ficar claro o trabalho e o papel dos Conselhos Tutelares.

Portanto, queria louvar aqui a Presidente Sofia Cavedon, que nos levou a nos somarmos nessa campanha para difundir a eleição do Conselho. Acho que talvez este seja o principal papel dos Vereadores, de hoje até o dia 27: difundir a eleição dos Conselheiros, mobilizar a população para que vá votar, para que eleja um ou até cinco Conselheiros, que é o que o voto e a eleição permitem, para, depois, poder cobrar deles o trabalho. Depois, todos nós, juntos, poderemos cobrar, Carlos Simões, o trabalho do Executivo municipal na proteção e na constituição da rede e de toda a infraestrutura de que os Conselheiros necessitam para executar o seu trabalho. Boa eleição para todos, e vamos nos mobilizar até o dia 27 de março!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, nossas autoridades presentes aqui na Mesa, Conselheiros Tutelares, por quem eu tenho muito carinho, e todos os que nos assistem; Drª Maria da Graça, eu estava num compromisso, nós estamos tendo o 1º Fórum do Povo Negro, e não tive esse prazer, essa oportunidade de ouvir a sua fala, bem como a do Carlos Simões, mas peguei a fala do Frei Luciano e fiquei muito atento, fui até ali para frente. Eu conheço, há 17 anos, na prática, na periferia, nas vilas, conheço bem a realidade. E conheço o trabalho desses Conselheiros que são incansáveis. Além do trabalho, como dizia o Luciano, tem que ter um amor, ter um carinho muito grande, esse amor no coração para dedicar a essas crianças, porque cada família é diferente, cada criança é diferente, cada periferia é diferente. Nós falamos muito no tráfico, que os traficantes acolhem essas crianças. É claro, isso vai haver sempre, não vai ser só agora, pois a cada dia nascem mais crianças. Para ter uma ideia, eu abri uma escolinha com 80 crianças e, um mês depois, estava com duzentas e poucas crianças, de sete, oito, nove anos. Então, acho que chegou o momento de esse trabalho ser colocado na prática, Drª Maria da Graça, chegou o momento de tanto nós, Parlamentares, quanto a sociedade, os empresários, começarmos a trabalhar, a ocupar o tempo dessas crianças: do colégio vão para uma ocupação, como oficinas, e não precisa ser só de futebol, existem tantas outras coisas em que a gente pode formar esses cidadãos.

Eu vi uma reportagem na televisão, anteontem, e fiquei muito comovido, porque a repórter perguntou para uma criança sobre os direitos e obrigações dela, e ela falou assim: “O importante para nós é a educação.” Aí a repórter perguntou por quê. E ela disse: “Sem educação não existe futuro.” Realmente, sem educação não existe futuro! Eu, que vim de família humilde, sei que, sem educação, eu não estaria aqui. Então, é importante, gente, que chegue a hora de praticar, com projetos, nas vilas, para essas crianças, projetos, Oliboni, projetos mesmo, para que se ocupe o tempo dessas crianças, todos os dias. Se está no colégio pela manhã, de tarde, está lá na oficina, está lá no projeto. Chegou o momento! Eu acho que isso não é gasto para o Governo, ao contrário, isso é o futuro, esses são os futuros cidadãos do nosso País.

Eu estou há dois anos aqui, mas há 16 anos, nas periferias. Graças a Deus, oxalá, essa voz começou a ser ouvida! Então, Todeschini, conto com meus amigos, minhas amigas, os caros colegas aqui, Presidente, para que a gente possa fazer projetos maravilhosos para toda essa periferia de Porto Alegre, para que essas crianças possam ter um futuro. Pois, como disse aquela criancinha na televisão, sem educação, não existe futuro. Que Deus nos abençoe! (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Mauro Zacher está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MAURO ZACHER: Srª Presidente; senhoras e senhores integrantes da Mesa, muito obrigado pela presença de vocês; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, estava aqui escutando os pronunciamentos e não poderia deixar de vir a esta tribuna para, de alguma maneira, também contribuir. Quero aqui reforçar a importância dessa eleição que será realizada no final do mês de março e, principalmente, da sua divulgação. Estamos tratando da renovação dos 50 Conselheiros Tutelares da nossa Cidade, guerreiros que têm, no seu dia a dia, o grande desafio de enfrentar talvez a principal tarefa dos governos que ainda está muito aquém, muito longe do que devemos chegar. Mas os Conselheiros, com todo o seu dinamismo, com o seu esforço, muitas vezes com pouca estrutura ou com uma estrutura inadequada, estão lá, fazendo com que nossas crianças tenham os seus direitos garantidos. Então, quero, primeiro, reforçar a importância do papel desta Casa ao revisar a legislação. No ano passado, tivemos um bom debate, mas não sei se conseguimos avançar como gostaríamos. No entanto, a tentativa foi essa, foi a de que pudéssemos oferecer, pelo menos no processo eleitoral, a garantia de que nós teremos 50 Conselheiros Tutelares comprometidos integralmente com a nossa causa. Quero reforçar, primeiramente, a importância da divulgação dessa eleição, porque percebemos que ainda há pouquíssima participação, pois, na verdade, a população não reconhece a importância desse processo democrático. E alguns questionam, inclusive, porque acham que esse processo não é o adequado. Pois bem, é o que temos, é o que estamos tentando aprimorar.

Ao mesmo tempo, quero reforçar aqui a importância de esta Casa debater - e me parece que a Mesa Diretora atual tem esse objetivo -, reforçar e qualificar este debate e fazer com que a gente possa ampliar e aprimorar as políticas públicas. Não há como nós entregarmos isso ao Conselho, nem seria a sua atribuição, mas precisamos, realmente, de uma rede de apoio que possa garantir toda a estrutura. Nós encontramos hoje uma escola que, ao longo dos anos, atribuiu novos desafios, porque conseguimos não só uma democratização no acesso universal à escola, como também investimos em políticas públicas que estão garantindo que as nossas crianças estudem. A escola, ao longo dos anos, começou a atender uma parcela da população que até então não tinha essa oportunidade. Mas é necessário muito mais do que isso: uma rede de apoio, qualificação e reconhecimento do nosso educador e uma série de políticas públicas que assegurem o direito de que essas crianças estejam na escola com o que é necessário para que tenham, naquele momento, com aquela idade, toda a garantia do Estado para o seu crescimento.

Quero saudar todas as instituições aqui presentes e saudar a nossa Presidente, que tomou essa iniciativa. Nós estaremos fazendo o nosso papel, divulgando essa eleição e convocando a nossa população para que participe, para que escolha, para que conheça os seus Conselheiros, porque eles estarão cumprindo uma das grandes missões que nós temos dentro do nosso Poder Público municipal. Muito obrigado e parabéns pela iniciativa.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Luciano Marcantônio está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUCIANO MARCANTÔNIO: Presidente, Verª Sofia Cavedon; Defensora Maria da Graça, Frei Luciano; meu colega de Governança, que tem um trabalho maravilhoso na área, Carlos Simões; não poderia deixar de fazer meu registro sobre um tema tão importante que é a questão relativa à proteção da criança e do adolescente. Deparei-me muito com essa questão quando fui Diretor da Fundação de Proteção Especial, no Governo Rigotto, Fundação que foi desmembrada da antiga FEBEM, em 2002, através de um reodernamento, ocasião em que foi criada a FASE e a Fundação de Proteção Especial, que ficaram com a responsabilidade de abrigar as crianças e os adolescentes em situação de risco, vítimas de violência, ou seja, com vulnerabilidade social. É para lá que os Conselheiros Tutelares, em muitos casos, encaminham as crianças. São abrigos muito bem estruturados, onde existe toda uma equipe técnica preparada, com funcionários do quadro extremamente qualificados que, nesses abrigos, atuam protegendo essas crianças e esses adolescentes encaminhados pelos Conselheiros Tutelares. Então, eu aproveito para fazer uma saudação também aos funcionários da Fundação de Proteção Especial, que são em torno de mil pessoas, que fazem um trabalho maravilhoso naquela Fundação.

Quero também saudar o Frei Luciano, que é ex-Presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, que, na sua gestão, desempenhou um trabalho fantástico, conseguindo, de forma séria, democrática e altamente qualificada, fazer com que as entidades que trabalham junto às crianças e aos adolescentes pudessem ter oportunidades, através de recursos do Funcriança, e, também, todo um respaldo técnico, através de cursos e seminários. O CMDCA e a gestão do Frei Luciano se destacaram por terem dado todo atendimento de que as entidades de Porto Alegre, voltadas para as crianças e os adolescentes, necessitam. A Secretaria de Governança - eu, como ex-Secretário Adjunto de Coordenação Política e Governança Local, tive a honra de trabalhar e aprender com o grande político, o Secretário Busatto - é que faz essa interação com o CMDCA, com os Conselheiros Tutelares. Nesse período em que fiquei na Governança, eu também vi o quanto é desafiador o trabalho dos nossos Conselheiros Tutelares e o quanto ainda temos que avançar em relação à estrutura que a Prefeitura precisa disponibilizar, para que esses Conselheiros possam atender, com mais eficácia, com mais qualidade, essa demanda diária dificílima que são as denúncias, os maus-tratos à criança e ao adolescente. Várias vezes, nos reunimos com os Conselheiros Tutelares, ouvimos muitas reivindicações que eram encaminhadas à Secretaria de Governança e sempre buscamos, através do diálogo – Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Conselheiros Tutelares e Secretaria de Governança –, construir alternativas para dar a estrutura de que esses Conselheiros precisam para melhorar e qualificar o atendimento. Sei que não chegamos ainda à totalidade dessa estrutura, mas, no período da gestão Fortunati, com o Secretário Busatto, nós avançamos bastante na questão das reformas que precisam ser realizadas, na questão relacionada a veículos que precisam ser disponibilizados, na interação que tem que ocorrer, cada vez mais forte, entre Prefeitura e sociedade civil. Estamos chegando lá! A gestão Fortunati, que tem todo respeito e compromisso com os movimentos sociais, fez dessa relação entre Governança, CMDCA e Funcriança um trabalho digno e que visa a beneficiar aquele que é o principal objeto, a criança e o adolescente. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

(O Ver. Toni Proença reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Toni Proença; Drª Procuradora, nosso Frei Luciano, Sr. Carlos, representando o Município; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, Srs. Conselheiros; em primeiro lugar, eu estava prestando atenção nos três oradores da Mesa, e algumas partes das falas me chamaram muito a atenção, como a questão do custo que uma criança ou um jovem infrator tem para a sociedade. É um custo altíssimo, Ver. Mario Fraga, não só para a sociedade, mas para essa criança ou para esse jovem que, muitas vezes, não se recuperam mais. Infelizmente, às vezes, pela culpa de A, B ou C, de governos que não têm uma política de prevenção, porque, se tiver uma política de prevenção, se torna mais difícil essa criança, esse jovem cometer um erro na sua vida.

Tem a outra parte, Ver. Mauro Pinheiro, que eu devo aplaudir aqui, que é a forma como muitos Conselheiros, apesar da precariedade, trabalham e continuam trabalhando e se doando. Essa não é uma avaliação ou uma fala minha porque eu presenciei uma propaganda na televisão ou no jornal. Não! Já estive em muitos Conselhos, e a gente vê as condições em que esses Conselheiros desempenham suas atividades. É claro, melhorou muito, tem melhorado muito, mas ainda precisa melhorar, Ver. Mauro Pinheiro, precisa!

A prevenção começa dentro da sua casa, dentro da sua família. Agora, como é que nós vamos dar condições de prevenção - com educação, alimentação, cultura - com um salário de 540 e poucos reais? Torna-se um pouco difícil esse pai de família conseguir alimentar, comprar o material escolar e ainda investir no turno inverso. O que é o turno inverso na minha palavra? Talvez muitos dos senhores não vão entender o que estou querendo dizer. O turno inverso é dar oportunidade a seu filho para que ele tenha uma atividade social após a escola. Pelo que vejo, estamos longe de ver acontecer isso. O que eu quero aqui também dizer, Ver. Toni Proença, é que eu não concordo - o meu tempo é curto, e este é um debate mais longo - com a forma como são feitas a eleições do Conselho Tutelar. Em algumas partes, eu não concordo, e tem que mudar, tem que avançar. Principalmente, tem que ter uma divulgação maior. A sociedade tem que participar de uma forma maior.

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Seu tempo acabou, Vereador. (Pausa.) O Ver. DJ Cassiá continua a sua manifestação em Comunicações, a partir deste momento, por cedência de tempo do Ver. Alceu Brasinha.

 

O SR. DJ CASSIÁ: Obrigado, Ver. Brasinha! Obrigado! Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Sras Conselheiras, Srs. Conselheiros, senhores da imprensa, quero narrar rapidamente uma pequena situação que presenciei no final de semana passado. Eu visitei uma colônia de férias na praia de Pinhal, onde 45 meninos e meninas, jovens carentes, pobres, muitos já sem pai e mãe, estavam lá há 20 dias. Quero aqui dar os parabéns a essas entidades que se doam e buscam recursos por elas mesmas, como a Nossa Senhora de Nazaré, lá na Resbalo, através de uma Irmã. Lá estava um rapaz que conheço há muito tempo e que tem um trabalho lá, senhoras e senhores, há anos! Não ganha um centavo por utilizar o horário livre dele para propiciar atenção e esporte, para levar as crianças para a dança, enfim, para se doar a essas crianças! Ele estava lá há 20 dias. Ver. Mauro Pinheiro, ele não passou no tal curso! Ele não passou no tal curso! Ver. Nilo Santos, está lá ele, Ver. Nilo Santos! Há anos que ele tem um trabalho direto com aquelas crianças, e vou dizer o nome dele, o senhor sabe quem é, Ver. Mario Fraga, o senhor é do esporte: o Tinga, lá da Resbalo. É o Tinga, da Resbalo, ele não passou! É um exemplo, e, como ele, tem vários Tingas e várias Marias que deveriam, sim, ter o direito de estar disputando um espaço para melhor atender a essas crianças. Por isso tem-se que pensar um pouquinho sobre a forma como essa eleição hoje é colocada, Ver. Pedro Ruas. Nada contra quem tem estudo; ao contrário, a formação é tudo. Um bom médico passa por uma boa educação, tem que ter uma boa professora, então, a educação é tudo. Mas não podemos fazer com que o Conselho Tutelar chegue, ali adiante... Isso já se vem arrastando! Uma hora, é o 1º Grau; outra hora, é o 2º Grau. Em seguidinha, vai ser só para doutor! É isso que temos que repensar e avaliar.

 

(Aparte antirregimental da Verª Maria Celeste.)

 

O SR. DJ CASSIÁ: Não estou exagerando, Verª Maria Celeste, estou colocando a realidade que vejo. A senhora tem a sua opinião, tem a sua visão, e eu respeito. E eu tenho a minha visão e gostaria de que ela fosse respeitada. É a minha visão popular, é a visão de quem anda lá no meio do barro, de quem anda lá no meio da massa todos os dias e todos os domingos. Não estou dizendo que a senhora não ande. Estou aqui colocando a minha opinião. Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci!” Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Quero salientar ao Ver. Mauro Pinheiro que o Ver. DJ Cassiá usou também o período do Ver. Brasinha, portanto, teve mais cinco minutos.

 O Ver. Mario Fraga está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MARIO FRAGA: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos assiste pela TVCâmara, público presente nas galerias; veja bem, Presidente Sofia, o tema que V. Exª teve que trazer a esta Casa. Desde que assumi, no dia 1º, fiz o discurso baseado nisso, e V. Exª tinha, na sua gestão, esse tema. Queria saudar a Defensora Maria da Graça, o Frei Luciano e o Dr. Carlos, que estão aqui com a gente. Aqui é uma Casa plural, não é, Vereador? Eu já escutei todos os discursos, Verª Maria Celeste, e tenho certeza de que jamais o Ver. DJ Cassiá falou para V. Exª, porque todos nós a conhecemos bem. A senhora é da vila, a senhora vem da base, assim como quase todos os Vereadores, em especial, o Ver. Cassiá e o Ver. Mario Fraga.

Mas alerto a todos vocês, a todos os Vereadores - estou falando no caso deles só, dos dois que estavam discutindo -, Frei, Presidente, Maria da Graça, Verª Maria Celeste: um pouco o Ver. DJ Cassiá tem razão. Eu tenho medo de que esse Conselho Tutelar, um dia, seja por indicação. E olha que eu gosto de um CC, um Cargo em Comissão, mas tenho medo de que um dia esse Conselho Tutelar seja de CC e vá cortando pelas beiradas lá sim. Como disse o Ver. DJ Cassiá, o Tinga eu conheço, minha amiga Pérola, Conselheira, que não concorre mais este ano, mas que fez um belíssimo trabalho. Pérola, o Tinga que ele fala, olha, vai ser muito difícil passar nessa prova! Eu mesmo acompanhei a prova, acompanhei alguns Conselheiros, e foi muito difícil a prova. E o Tinga, que tem um trabalho, há muito tempo, com as crianças lá não vai passar nessa prova, meu amigo DJ Cassiá! Vai ser muito difícil, ainda mais quando se roda. É como acontece com a carteira de motorista: fica difícil a segunda prova, mas chega um dia que acontece.

Se possível, a Vereadora-Presidente vai continuar esse tema, inclusive nós já temos esse belíssimo fôlder que foi feito pela Casa e vai ser distribuído a uma grande parte da comunidade e a alguns Vereadores. Eu faço questão de que saiam, pela minha cota, cinco mil exemplares, para que eu possa divulgar. Foi uma das metas, quando assumi, dia 1º de fevereiro, a divulgação das eleições do Conselho Tutelar, que ocorrerá dia 27 de março próximo. Por que isso? Porque, na última eleição, quando tínhamos, Leoni, quase 500 candidatos, 80 mil eleitores foram às urnas. Imaginem agora, quando não temos 200 candidatos, quantos eleitores irão à urna. Então, temos que divulgar muito esse processo, para que não caia no que o Ver. DJ Cassiá alertou, ou seja, que termine esse processo eleitoral. Vossas Excelências já ouviram, neste mês de fevereiro, eu falar algumas vezes sobre esta eleição em Porto Alegre, em que serão eleitos os 50 novos Conselheiros.

O Ver. Luciano Marcantônio, meu colega de Bancada, meu amigo, também falou sobre as condições de trabalho e as condições dos Conselhos Tutelares. Realmente, melhorou um pouco, mas ainda estamos longe da perfeição, meu amigo Ver. Luciano Marcantônio. Eu acho que V. Exª, através da Secretaria, através do Secretário Busatto e do nosso Prefeito, deixou um belo trabalho para continuarmos. E nós, que viemos para cá este ano, vamos cobrar as condições de trabalho para os Conselheiros. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Ver. Mario Fraga. O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

 

 

O SR. NELCIR TESSARO: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Vereadores e Vereadoras aqui presentes, público que nos assiste; eu quero cumprimentar os palestrantes de hoje, a Drª Maria da Graça Fávila Josino, o Frei Luciano, o Sr. Carlos Simões, sejam bem-vindos a esta Casa. Pela seriedade que tem o tema, é muito importante estarmos hoje aqui. Estamos às vésperas de uma eleição que acontece no dia 27 de março, e trata-se da eleição mais importante que nós temos. O Conselheiro Tutelar é a figura que deveria representar os pais na sua ausência, deveria zelar pela criança, pela juventude, pelos adolescentes, mas eu vejo que hoje eles não têm condições de estar fazendo com que esta ação possa ser realizada a contento. Eu não posso concordar que os Conselheiros Tutelares devam ficar em suas sedes, aguardando que venham as reclamações, que a população leve até lá os problemas, problemas de crianças, telefonemas dizendo que uma criança está abandonada na rua, que alguém a está explorando, que um pai está conduzindo uma menor para locais impróprios. Eu acho que o Conselheiro Tutelar deve se locomover pela Cidade, para ver o que acontece na Cidade. A cada dia mais, nós estamos vendo crianças nas ruas de Porto Alegre e nós deveríamos ter uma ação fiscalizatória e até, por que não, punitiva aos responsáveis pelas crianças que estão na rua. Eu entendo que essa ação deve ser ampliada, mais bem fiscalizada, devem ser dadas melhores condições para que eles possam se locomover e andar por toda a Cidade.

Eu vejo com preocupação, principalmente, o tema - e aqui está o Sr. Carlos Simões, Coordenador do Comitê Municipal de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual - da exposição da criança, que é um crime. A exposição da criança é justamente onde o Conselheiro Tutelar deve atuar mais. Estamos próximos ao carnaval, que se inicia no próximo dia 4 de março, e, na maioria das vezes, os pais conduzem os seus filhos menores de 14 anos, dizendo que estão acompanhados dos responsáveis. Eu pergunto ao Frei Luciano: adianta estar acompanhado dos pais? Será que os pais vão colocar uma venda nos olhos das crianças, para que fiquem alheios ao que acontece? Isso nós não podemos permitir. Esta é uma ação que o Conselheiro Tutelar deve se dedicar, a cada dia, nesta Cidade: evitar a exposição de crianças.

Na segunda-feira, eu vi quando o Ver. Toni Proença chamou a atenção de um pai, dentro desta Casa, que trouxe duas filhas, duas crianças, para sensibilizar as pessoas, fazendo com que as duas filhas abanassem para os Vereadores e pedissem ajuda aos Vereadores. O pai estava ali, sem trabalhar, e trouxe as crianças – uma de cinco anos, e outra que não tinha mais do que oito anos – para dentro desta Casa. Fez bem o Ver. Toni Proença, quando disse ao pai: “Se tu continuares fazendo isso, eu vou chamar o Conselho Tutelar, porque tu não tens condições de cuidar dos teus filhos”. Então, a ação do Conselheiro Tutelar é muito importante, mas ele tem que ter melhores condições para fazer essa atuação. Tem que ter um preparo, sim! O Ver. DJ Cassiá falou sobre a necessidade ou não de curso superior, de entendimento, de concurso. Ele pode, talvez, não ter o estudo necessário, mas tem que haver, sim, um tipo de treinamento. E colocar um regramento de ação, para que eles possam, efetivamente, trabalhar e desenvolver suas funções, DJ. Cássia, porque não precisa ter estudo para desenvolver as funções, basta ter dedicação e estar preparado para aquilo que vai fazer. E assim nós poderemos, cada vez mais, proteger as nossas crianças. Muito obrigado, Sras e Srs. Vereadores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Passo a palavra aos nosso convidados, para as considerações finais. O Sr. Carlos Simões está com a palavra.

 

O SR. CARLOS SIMÕES: Rapidamente, eu vou fazer alguns comentários e o encerramento da nossa participação neste encontro. Eu achei muito interessante a colocação do Ver. Aldacir Oliboni, quando ele questiona o que está faltando na área do Conselho Tutelar, na relação com a rede de proteção à criança. Também foi muito pertinente a relação que o Ver. Adeli Sell fez, dizendo: “Será que os educadores estão faltando em alguma coisa?” Eu gostaria de dizer ao Ver. Adeli Sell que eu acho que falta muito; não acho, tenho certeza, a gente tem visto isso nas comunidades. O compromisso de família tem faltado! Nós tivemos, o ano passado, durante vários meses, na Zona Leste de Porto Alegre, na Chácara da Fumaça, uma ocorrência gravíssima de um “bonde”. Foram agressões a muitas mulheres, que não podiam entrar num ônibus gratuito, colocado pela EPTC, pela ATP, pela Prefeitura de Porto Alegre, que circula por toda aquela região, levando as mulheres e as crianças para as escolas. E aquele “bonde” entrava dentro do ônibus, agredia as pessoas, e elas não podiam entrar. Fizemos uma série de reuniões e questionamos as comunidades por que o pai ou mãe não levavam a criança ou o adolescente até a porta da escola. As pessoas diziam que isso era inadmissível. Eu respondi que não era inadmissível, pois eu fazia isso com meu filho. Por que, então, eles não podiam fazer com os deles? As pessoas não fazem mais isso. Elas pensam que é o Poder Público que vai fazer. Não! Levar à escola ainda é uma ação de família, conviver com a criança e o adolescente ainda é uma função paterna e materna. A gente acredita nisso, e o Conselho da Criança e do Adolescente deste ano tem grandes propostas nessa área também.

Estranho, também, não termos ouvido aqui alguma coisa sobre movimentos migratórios, porque, na linha de planejamento familiar, Verª Sofia Cavedon, temos um dado muito importante para trocar com vocês, que já é de conhecimento público, que é a questão de a natalidade, em Porto Alegre, vir decaindo ano após ano. Nós não temos muitas crianças nascendo em Porto Alegre, mas nós temos muitas famílias vindo para Porto Alegre. Aquelas oito, sete, crianças que ingressam no SASE do Frei Luciano, na parada 10 da Lomba do Pinheiro, são de famílias que não eram de Porto Alegre, mas que vieram para cá. E aí a responsabilidade da Câmara de Vereadores de pensar em estratégias conjuntas com o Poder Público, porque é um fato sobre o qual teremos que nos debruçar. Não são somente ambulâncias que trazem pacientes para Porto Alegre! Pessoas vêm morar aqui, porque nós ainda somos um exemplo de qualidade de vida.

Quando o Ver. Toni Proença fala da territorialidade e transversalidade, quero dizer que, com certeza, esse é o grande ponto a ser conquistado, esse é o grande ponto a ser aglutinado. E nós, Governança, pensando nisso, Ver. Toni, criamos, junto com a sociedade civil e as Coordenações das Redes, a Central das Redes de Atendimento à Criança e ao Adolescente. É um encontro mensal, com os Coordenadores das Redes de Proteção, hoje são 14 Redes, Verª Sofia, que se reúnem quinzenalmente, na sua maioria; e a Rede Inter-Ruas, semanalmente, só para tratar casos de situação de rua, de sobrevivência. São pessoas que não recebem nada para fazer isso, e se reúnem para resolver esses problemas nos territórios. Temos, sim, que fortalecer a Rede; temos, sim, que garantir maiores investimentos; mas temos, sim, que integrar as ações. Agradecemos por esta participação e por este convite, o Poder Público do Município se coloca sempre à disposição desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Carlos. A nossa assessora que está cuidando dos debates vai fazer contato com o Carlos, para que organizemos, junto às Redes, os debates para a eleição do Conselho Tutelar.

O Frei Luciano está com a palavra.

 

O SR. LUCIANO ELIAS BRUXEL: Eu quero agradecer a oportunidade e também o reconhecimento desta Casa pelo trabalho que hoje a nossa rede de atendimento faz. Eu gostaria de falar, numa síntese, que hoje os problemas que afetam a nossa infância e adolescência são de uma complexidade cada vez maior. Em se tratando de rede, a que está mais frágil é a rede mais próxima de cada ser humano, de muitas crianças e adolescentes, que é a própria família. Mas um cuidado nós temos que ter na intervenção com a família. Nós temos uma pesquisadora da UFRGS, a Profª Adriana Wagner, que fez uma pesquisa muito interessante: “O Olhar dos Direitos na Perspectiva da Criança, do Adolescente e da Família”. Um dado revelador que me chamou a atenção, quando ela apresentou no Conselho, é que hoje a família, mesmo fragilizada, deposita muita confiança na escola e nas instituições de proteção. Ao contrário, existe um movimento de descrédito e até se poderia dizer, numa linguagem simbólica religiosa, de endemoniamento da família, no sentido de fazer uma expiação. Se hoje a família está fragilizada, a gente tem que talvez fazer um estudo sobre por que, na sociedade contemporânea, a família se fragilizou tanto, com todas as suas configurações, e sobre como fazer uma intervenção, quando hoje o grande problema é, por exemplo, o limite que as crianças não têm. É o problema na escola, o problema da criança que não reconhece mais a autoridade do professor, a autoridade do policial, qualquer autoridade dentro da sociedade. Por que tão precocemente? Eu moro numa comunidade de periferia, numa área que era de ocupação, há muitos anos, e tenho acompanhado crianças que, com dois, três anos de idade, têm um nível de autonomia, criam um modus vivendi de sobrevivência naquele contexto em que não tem um encontro com uma autoridade sólida. E, a primeira vez que se deparam com uma autoridade sólida, é com o professor, o educador. Por isso antes eu defendia que é importantíssimo, se nós quisermos mudar a qualidade da educação, garantir o acesso à Educação Infantil com qualidade a todas as crianças, principalmente as mais vulnerabilizadas. Aí nós vamos poder dar conta de alguns problemas da fragilidade familiar, porque vamos estar intervindo e ajudando, não enfraquecendo a família. Hoje, acontece nas instituições, no Conselho Tutelar, muitas mães chegam e dizem: “Eu não sei mais o que fazer com o meu filho.” E nós temos que ajudar essa mãe, esse pai, dizendo: “Nós queremos te ajudar com o teu filho, com a tua filha.” E passa, então, também por um trabalho de formação e educação para as famílias. As famílias estão pedindo socorro ao depositar uma confiança muito grande na escola. Esses dias, estive na posse do Secretário de Educação, e me chamou a atenção quando ele disse que, antes, o professor tinha que se preocupar só com a educação, só com o conteúdo; e, hoje, o professor tem que ser um pouco psicólogo, um pouco médico, porque a realidade da criança que chega à escola ou ao espaço de proteção é essa. Temos que partir dessa realidade concreta e, a partir daí, pensar em uma intervenção. Isso vale também para os Conselhos Tutelares, que fazem essa relação da família com a escola. Quantas solicitações, Sofia, Vereadores, temos agora de crianças que não têm acesso a uma escola próxima a sua casa! Imaginem uma criança de sete anos, cuja mãe é diarista, que tem que pegar um ônibus para ir à escola que fica a dez quilômetros e não tem quem a leve! Às vezes, o irmão mais velho, que deveria estar em um programa social, tem que cuidar do irmão mais novo em casa e ainda tem que levá-lo à escola, e, por isso, não pode frequentar um programa socioeducativo. Então, temos que pensar em instituições de proteção muito próximas às comunidades, pequenas instituições, escolas menores. Eu não acredito que uma escola com dois mil alunos possa estabelecer uma relação com as famílias e com a comunidade. Precisamos pensar um modelo de educação com escolas menores, descentralizadas e próximas das comunidades, principalmente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, porque hoje o grande gargalo é a questão da educação e da saúde mental, que ainda hoje é uma grande dívida que temos na cidade de Porto Alegre, e não é só com a drogadição. Quando lá na Lomba do Pinheiro temos uma criança com problemas no processo de aprendizagem que necessita de um atendimento de saúde mental com psiquiatra ou um atendimento psicoterapêutico, imaginem uma família que está fragilizada ter que fazer um encaminhamento e trazer a criança para o Centro. Quando essa família perde uma consulta, ou não consegue um medicamento porque perdeu a consulta, nós perdemos, às vezes, um investimento que é muito caro na saúde mental. E a gente sabe o quanto hoje alguns programas e técnicos que têm compromisso têm acompanhado as famílias, as crianças, para garantir que elas façam a sua consulta, que elas tenham um acompanhamento.

Eu estive aqui, nesta Casa, numa audiência pública sobre a Saúde e recordo bem, acho que foi um médico que disse que hoje 35% das consultas - não sei se continua esse dado - com especialistas são perdidas. Temos que levar um atendimento mais especializado para as comunidades, porque as famílias mais vulneráveis não têm acesso ao ônibus, tanto que, na área da assistência social, há um estudo mostrando que 90% dos vales-transporte que são distribuídos nos programas de assistência são para garantir o direito do atendimento à saúde, porque as pessoas não têm como acessar um médico especialista quando precisam. E a saúde mental, para mim, é o ponto crucial. Nós temos que ter os CAPS nas comunidades, para poder garantir, dentro da comunidade, o acompanhamento da criança, do adolescente e da família, que hoje está precisando tanto. Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Frei Luciano, nós estamos registrando todas essas sugestões, porque, na nossa metodologia, nós queremos, ao final de cada tema que vamos enfrentar, construir alternativas para os problemas encontrados. A Srª Maria da Graça Fávila Josino, Defensora Pública, está com a palavra para as suas considerações finais.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA FÁVILA JOSINO: Parece que foi atávico, eu comecei e estou terminando. Quero agradecer, em nome da Defensoria Pública, esta oportunidade a todos os senhores e as senhoras. Vejo que estamos inaugurando um novo momento dessas interligações entre diversos segmentos na nossa sociedade. Quero dizer a vocês que, efetivamente, o princípio maior da Defensoria Pública é lutar pelos desiguais, para que eles venham a conseguir a igualdade constitucional. Por isso existe a nossa instituição, proporcionando aos nossos atendidos algumas prerrogativas que as pessoas, normalmente, quando buscam a Justiça, não possuem.

Com relação ao que o Frei Luciano havia falado sobre a família, efetivamente, esta questão é bem pontual. Nós hoje, aqui, assistimos a diversas manifestações, muitas delas sob alguns enfoques, tanto da saúde, da questão ética, constitucional, e a minha, evidentemente, já que tenho que ter uma leitura jurídica. Queria colocar que, nesse segmento da família - e isso fica até para esclarecimento de todos aqui -, quando ocorrer, Frei Luciano, qualquer situação em que a criança, o adolescente ou até mesmo a pessoa adulta não tenha acesso à medicação, à consulta, à vaga na escola ou também à questão da moradia - hoje se discute muito a função social da posse -, nós estamos aí para isso. A Defensoria está aqui exatamente para buscar este espaço, esta luta. E digo aos senhores e às senhoras que nós temos tido grande sucesso no Poder Judiciário, quando nós ingressamos com nossas demandas. A minha maior vivência é na área da infância. A medicação, o leite especial de que as pessoas precisam, as fraldas de meninos e meninas que têm um problema de incontinência urinária ou que têm algum problema de ordem fisiológica, porque já nasceram assim, nós temos conseguido, normalmente, atender a essas demandas com sucesso. Muitas vezes, chegam as nossas clientes dizendo o seguinte: “Olha, Doutora, hoje é a última dose.” E a gente vê a iminência da morte naquele momento. Então, eu vejo que também é muito importante publicizar o nosso trabalho. Quero dizer a vocês que a Defensoria Pública sempre vai estar de braços abertos para receber a população, merecedora da nossa prestação de serviços.

Ao final, volto a agradecer muito por este espaço. E consolidando uma conversa informal que tive com a Presidente, digo que nós estamos à disposição, principalmente, para essas visitas in loco, nos diversos encontros que vão ocorrer. Ela não vai ter dúvida alguma de que algum de nós, nem que não seja eu, enfim, mas vai ter sempre um integrante da Defensoria Pública, porque o nosso interesse, a nossa prestação de serviço tem uma afinidade muito grande com as propostas aqui apresentadas. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Maria da Graça, muito obrigada! Esta Casa não tinha a cultura de acionar a Defensoria Pública até que surgiu o tema dos camelôs, quando eu descobri que vocês eram maravilhosos. Acho que a cultura era por procura individual.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA FÁVILA JOSINO: A nossa demanda é o cidadão. Muitas vezes, existem demandas coletivas que a Defensoria atende. Às vezes, existe, porque a Defensoria é muito jovem, é uma “mocinha” ainda, uma confusão natural com o Ministério Público. Mas o Ministério Público tem a função maior de fiscalização do Estado em relação à sociedade, representando a sociedade. E nós defendemos o cidadão enquanto portador e merecedor dos seus direitos e garantias individuais e constitucionais.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Como é bom o Estado de Direito, com todas as suas instituições.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA FÁVILA JOSINO: Principalmente o Estado Democrático.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Estado Democrático de Direito.

 

A SRA. MARIA DA GRAÇA FÁVILA JOSINO: É, o Estado Democrático.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Eu quero encerrar este ponto, Frei Luciano, dizendo que uma das questões que mais me indignam na tua colocação, muito acertada, é que nós temos que cobrir toda a infância, todas as crianças que não têm quem as cuide com adequação, com a Educação Infantil, e, com essa mudança do Fundef para o Fundeb - e mesmo antes -, nós perdemos muitas turmas de pré-escola na rede estadual de ensino. Nós temos que reverter isso em Porto Alegre, aí levando para os Conselhos Tutelares, porque nós não temos como abrir mão da rede física do Estado para atender crianças de quatro e cinco anos. E essa é uma mudança que nós temos de fazer na lei do Fundeb, Ver. Oliboni, para que o Estado também receba pelas crianças de 4 e 5 anos na pré-escola. Tenho certeza de que isso já geraria um impacto muito importante. Se a gente centrar nisso, o Governo do Estado tem como abrir muitas turmas de Educação Infantil em Porto Alegre.

Informo os Vereadores que, amanhã, iremos ao Pepsi On Stage, de manhã cedo, às 8h30min. Todos os Vereadores estão convidados, os que puderem, que não tiverem outras agendas e quiserem fazer um corpo-a-corpo com os professores, na recepção deles, sobre o tema Conselhos Tutelares, aproveitando que estarão todos juntos. E, na semana que vem, estamos marcamos uma visita à Escola Municipal Liberato Salzano, para vermos uma escola municipal e uma estadual, mas, também, para acionar o debate com relação aos Conselhos Tutelares e já começar a ver o tema das vagas em Porto Alegre. Sabemos que é sério o problema, principalmente dos seis aos sete anos e do Ensino Médio. Essas duas pontas têm a ver com os direitos das crianças e dos adolescentes. Não é só votar direitos no final do ano, nós temos que continuar pressionando por políticas públicas. Muito obrigada. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h28min.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon – às 16h30min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Verª Sofia, Presidente desta Casa; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público nas galerias e que nos assiste pelo Canal 16; quando cheguei a esta Casa, nesta Legislatura, muitas vezes, Ver. Mario Fraga, escutei da Bancada de oposição - do PT, junto com a do PSOL - os pedidos de CPI, Verª Fernanda, e, invariavelmente, escutava os Vereadores da situação dizendo que não havia necessidade de CPI, Ver. Tessaro. Eles subiam a esta tribuna e diziam que não havia necessidade de CPI, porque iriam investigar o que já estava sendo investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, então, não havia necessidade. Mas, por uma briga entre dois Vereadores desta Casa que discutiram neste Plenário, acabou saindo uma CPI, a CPI do ProJovem, por causa da briga da Vereadora, à época, e hoje Deputada Juliana Brizola com o Ver. Mauro Zacher. A Vereadora pediu uma CPI que acabou não saindo. Então, o Ver. Luiz Braz pediu, e sai a CPI do ProJovem. Iniciou-se a CPI no dia 3 de fevereiro. Como todos os Vereadores sabem, mas o público que nos assiste não sabe, a CPI é uma forma de se investigar a aplicação do dinheiro público, as questões levantadas, tem que ter foco, e, assim, começou a investigação no dia 3 de fevereiro. Até o dia de hoje, a CPI não conseguiu andar muito, pouco se somou. Fizemos algumas visitas, foram convocadas algumas pessoas para virem aqui e acabaram não vindo. Hoje mesmo estava convocado o ex-Secretário Alexandre Rambo a comparecer a esta Casa, mas ele acabou não vindo. Veio o Sr. Douglas, da DS, empresa de equipamentos de sonorização de Canoas, que compareceu antes mesmo de ser convocado. Seria convocado o Sr. Douglas, porque este Vereador, no primeiro dia da CPI, Verª Fernanda, no dia 3 de fevereiro, fez um pedido para o Presidente da CPI para que fossem convocados a Srª Adriane Rodrigues, o Sr. Douglas e o Sr. Paulo Jorge Amaral. E também fiz a solicitação no sentido de que esses fossem os primeiros a serem chamados, pois poderiam somar à CPI. Fui vencido pelos Vereadores que compõem a CPI, e se estabeleceu que os primeiros convocados seriam os então Secretários da Juventude: a Vereadora e, hoje, Deputada Juliana Brizola; o Ver. Mauro Zacher e o Sr. Alexandre Rambo. Nenhum deles acabou vindo até hoje, com alegações de que não teriam sido convocados, que as convocações não chegaram, que havia problemas nas convocações. A Deputada dizia que não poderia vir, porque tinha Comissão. Mas, como há males que vêm para bem, Ver. Oliboni, hoje, o Sr. Douglas acabou sendo ouvido, o que, na minha opinião, já deveria ter acontecido desde o início.

Então, tudo aquilo que eu escutava no sentido de que não era necessária a CPI, porque o tema já estava sendo investigado, caiu por terra hoje, Ver. Oliboni, pois o Sr. Douglas veio aqui e, na sua manifestação, levantou vários fatos, disse que até hoje não foi chamado nem no Ministério Público Federal, nem na Polícia Federal e ainda fez alguns levantamentos importantes aqui neste plenário.

No início, o Sr. Douglas estava muito nervoso, mas, depois, conforme as perguntas foram sendo feitas e ele foi falando, nós conseguimos entender por que ele estava tão nervoso. Pasmem, Srs. Vereadores, ele disse que foi ameaçado de morte - essa foi a expressão que ele usou, Verª Fernanda - e que tinha medo de falar nesta CPI, em público, porque ele não sabia, dentre as pessoas presentes, quem fazia parte do quê. Portanto, ele tinha medo de falar, pois, por diversas vezes, ele foi ameaçado de morte. Esse cidadão, o Sr. Douglas, que tem uma empresa, que está sendo ameaçado e que tem medo de falar, não foi chamado nem na Polícia Federal, nem no Ministério Público. Isso mostra que a CPI é necessária, sim, para investigar, pois nós, Vereadores, temos um compromisso com esta Casa de investigar, de cuidar do dinheiro público, até porque, durante a Sessão da CPI, ele diz, num determinado momento...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Mauro Pinheiro continua com a palavra para uma Comunicação de Líder, a partir deste momento, pela oposição.

 

O SR. MAURO PINHEIRO: Ele diz, em determinado momento, que tem medo, porque foi gravada e saiu no jornal Diário Gaúcho uma conversa dele com um cidadão que ele não queria dizer o nome em hipótese alguma. Em determinado momento, a Verª Fernanda Melchionna fez uma pergunta, questionando se era o Rafael Fleck, e ele disse: “Não, não é Rafael Fleck. Eu não conheço esse cidadão.” Daqui a um pouco mais, ele olha para as galerias do plenário e diz assim: “Não, mas ele está presente aqui.” Nós continuamos perguntando, e ele disse: “É aquele segundo, da esquerda para a direita.” Era o Sr. Rafael, que, inclusive, trabalha nesta Casa e já fez parte do Governo. Então, pessoas que eram para estar aqui ou para estar no Governo trabalhando, fizeram uma gravação e colocaram no jornal, segundo o Sr. Douglas. Claro que isso é segundo o que o Sr. Douglas está falando, o que deveremos investigar a partir de agora. Não temos provas, são indícios, Vereador. Além disso, ele diz que essa foi uma gravação feita por esse cidadão, Rafael, mais um tal de Belo, que ainda não sei quem é, estamos procurando saber.

Pior ainda, ele diz que foi feito um acordo com um cidadão que o procurou, dizendo que tinha uma empresa, que a sua empresa não estava regular e, por isso, não poderia prestar serviço para a Secretaria da Juventude. Esse cidadão o convidou para, se a empresa estivesse certa, fazer o trabalho. A partir daí, a empresa dele foi prestar esse serviço para a Secretaria da Juventude. Recebeu, segundo ele, 54 mil reais para prestar serviço de sonorização num evento da Secretaria da Juventude. Na continuação, ele fala que, dos 54 mil reais, Ver. Oliboni, ele ficou com nove mil reais. Nove mil! O restante ele teve que retornar: 15 mil reais para esse cidadão, o tal Guto; e 30 mil reais ele deu para outro cidadão, de quem ele não quis dizer o nome, e não quis dizer, porque estava com medo em função de diversas ameaças já recebidas, medo pela sua integridade e a da sua família. Portanto, mais uma vez digo, a CPI, sim, é necessária neste Parlamento. Esperamos, assim como a CPI do ProJovem, da Secretaria da Juventude está saindo, que saia a CPI da Saúde, que já foi pedida. A Presidente desta Casa já pediu aos Líderes que deem os nomes. Até agora, apenas alguns Partidos o fizeram. A CPI mostra-se necessária. Temos, sim, que continuar investigando. Não é possível, de 54 mil reais - dinheiro público! -, 9 mil ficaram para a empresa prestadora, e o restante foi devolvido para agentes, há indícios, ligados à própria Secretaria. Vamos investigar, sim, vamos a fundo! Queremos saber quem recebeu, quem está se beneficiando com dinheiro público, é dever de todos os Vereadores desta Casa investigar e levar a fundo.

Segundo temos aqui, não dito por ele, ele não falou para quem deu os outros 30 mil reais, mas nós temos aqui material que diz, durante uma gravação, hoje fica claro, segundo ele, que o servidor seria o Rafael, mais o Belo, que conversaram com ele e gravaram (Lê.): “Douglas – Deu R$ 14 (mil) pra eles e R$ 10 (mil) para outro guri que fez a intermediação. (...) Pra mim era assim, ó: era R$ 10 (mil) para cada um e R$ 4 (mil) pro gabinete. Era 10 pro guri, R$ 10 pro PC, R$ 6 (mil) pro gabinete, mas como descontaram o ISS, falei que não iria pagar. R$ 4 (mil) eu tinha que dar.” Essa é a declaração do Sr. Douglas. Pessoas ligadas a gabinete, talvez a uma Secretaria deste Município, e se diz que uma CPI não é necessária. É necessária, sim, e nós vamos investigar até o fim!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Srª Presidente, Sras Vereadoras, Vereadores; realmente, esta CPI é uma CPI passional, puramente passional, até pela paixão com que eu vejo os Vereadores falando sobre o assunto e por todos os motivos que a levaram a ser criada.

Eu queria, nesta tribuna, usar este tempo de Liderança para fazer um elogio a quem ouve na Prefeitura Municipal. Na quinta-feira passada, eu sugeri aqui que se fechasse o minizoo da Redenção. E, uma semana depois, já está a decisão tomada: o minizoo será fechado. Vejo aqui a participação da Primeira Dama, Dona Regina, e queria cumprimentá-la, ela e todos aqueles que se preocupam com o bem-estar dos animais. O Ibama vai providenciar a logística, para indicar os locais para aonde esses bichinhos deverão ser encaminhados. A Prefeitura vai fazer esta transferência e vai arcar com o custo, durante um ano, da alimentação desses animais que estão na Redenção, num local impróprio para qualquer tipo de animal. Então, cumprimentos à Prefeitura de Porto Alegre, cumprimentos à nossa Primeira Dama, Dona Regina, cumprimentos ao Secretário Záchia e ao Prefeito, que tomaram essa decisão importante para todos que se preocupam com o bem-estar dos animais.

Nós temos assuntos muito importantes, nesta Cidade, durante a semana. A CPI é um assunto importante, os Vereadores estão ouvindo as pessoas. Eu acho que o Ver. Mauro Pinheiro, a Verª Fernanda Melchionna e todos os Vereadores que estiveram aqui, de manhã, puderam constatar dados que já são públicos. Veio um rapaz aqui e apenas confirmou algumas coisas. Mas nós temos que tratar de todos os assuntos da Prefeitura que forem necessários, de todos os assuntos do Estado e do Governo Federal que têm que ser observados. E, Ver. Mauro, para quem barrou uma CPI do Mensalão, não vejo muita autoridade aqui para pedir CPI de nada. Quem barrou, no Congresso Nacional, a CPI do Mensalão não tem autoridade nem para pedir para ver as contas da paróquia! Isso, sim, dinheiro na cueca, dinheiro de todos os lados, réus confessos! E lá, o PT barrou, dizendo: “Não, não pode fazer CPI.” Quero que se investigue tudo, sim, mas não posso também aqui ouvir, todo tempo, as incoerências. Incoerência fica chato, porque o Brasil todo cobra. Tem que fazer CPI? Tem, mas que se faça em todos os níveis: federal, estadual e municipal.

Eu disse, desde o primeiro dia, que essa CPI da Juventude foi junto com o Governo Tarso. A Deputada Juliana, que era nossa colega Vereadora, faz parte da base do Governo Tarso, e a CPI foi junto, está lá na Assembleia, está lá na base do Governo Tarso. Então, temos que dar esses créditos a todos que os têm, e cada um que se responsabilize pelas suas explicações. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.

 

O SR. NILO SANTOS: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhores e senhoras que nos acompanham, que nos assessoram nesta Sessão; Ver. Mauro Pinheiro, parabéns pelo seu relato. Aproveitando o seu relato, eu quero colaborar, sou um bom colaborador. A minha colaboração é no sentido de esclarecer a população, esclarecer todos os senhores, Ver. Cecchim, que, assim que o Prefeito Fortunati descobriu as suspeitas que havia com relação ao nome do Secretário Alexandre Rambo, ele o exonerou. Tem suspeita? Fora! E o Governo Dilma o nomeou lá em Brasília. Mas aí é brincadeira, Ver. Mauro Pinheiro! Ligue para a Presidente Dilma e diga: “Olha, eu estou batendo no homem aqui, dizendo que o homem roubou!” E a senhora está dizendo: “Vem para mim, que esse homem é bom!” Aí é brincadeira! Ver. Tessaro, por isso as pessoas dizem que política é uma cambada! O Vereador da Presidente Dilma vem aqui, diz que o homem roubou e quer “colar” isso no Prefeito. Perdoe-me, Ver. Mauro Pinheiro, mas foi bem isso que aconteceu. O senhor tentou “colar” a figura do Alexandre Rambo no Governo. Ele foi exonerado! A exoneração do Rambo, Ver. Mauro Pinheiro, foi mais ou menos assim: o Prefeito disse “Tem suspeita, praticou irregularidade, cometeu algum tipo de crime? Fora do meu Governo!”. E hoje está tomando posse lá Governo Dilma, como quem diz: “Ele roubou, não tem problema! Eu sou a mãe do PAC, por que não posso ser a mãe de um suspeito?” É mais ou menos isso, abraçou!

Essas incoerências apavoram até mesmo quem está no meio da política, Ver. DJ Cassiá. Por isso que, antes de nós levantarmos o dedo, Verª Fernanda, e acusarmos, temos que dar uma olhadinha pra trás, para ver se temos sombra ou se não temos sombra. Estou falando tudo isso, Verª Fernanda, porque quero fazer um apelo: que esse cidadão seja exonerado, então. Já que ele está sendo julgado e sentenciado aqui pela sua Bancada, Ver. Mauro Pinheiro, que ele aguarde a conclusão dos fatos, aguarde a conclusão do processo, para ser, então, nomeado. Eu estou pedindo aqui a exoneração neste momento. Tomou posse hoje, mas peço aqui o afastamento desse senhor, porque não é possível, Ver. Mauro Pinheiro, usar esta tribuna para tentar atingir um Governo que não quis continuar com um suspeito trabalhando para ele, não quis! E o seu Governo assume essa bronca e o põe lá, como se fosse um assessor competente, digno, capaz. Não pode ser assim! Não pode, senão, vai dar uma confusão na nossa cabeça. O Ver. Nelcir Tessaro, o Ver. DJ Cassiá e eu estávamos sentados ali e estávamos tontos! Mas o que é isso? Está batendo no homem, mas o homem está tomando posse no Governo Federal! Ele não vai trabalhar apenas por Porto Alegre, esse homem vai trabalhar pelo Brasil, foi premiado! Esse homem está sendo acusado, aqui, pela Bancada do PT, mas está sendo presenteado. Vai trabalhar agora não apenas pelo povo de Porto Alegre, esse homem trabalhará pelo Brasil, senhoras e senhores! Pelo Brasil! Prêmio máximo! Mas o que é isso? Por favor, não pode ser assim. Ele terá que ser exonerado, ou aguardemos a solução do processo, porque, senão, vai virar brincadeira, e nós vamos começar a bater cabeça aqui. Obrigado, senhoras e senhores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Srª Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores presentes; a minha estada aqui na tribuna, nesta tarde, se refere a uma comunicação a todos os presentes, telespectadores, amigos e Vereadores aqui da Câmara Municipal de Porto Alegre. No próximo dia 2 de março, às 10 horas, aqui no Plenário Otávio Rocha, nós estaremos constituindo a nossa Comissão Especial que tratará das questões ligadas à Copa do Mundo no Município. Nós teremos a instalação da Comissão e, já neste primeiro encontro, nós teremos também a presença do nosso Vereador, particular amigo e Secretário Municipal da Copa, João Bosco Vaz. Contamos com a participação dos Vereadores que irão constituir a Comissão e, também, dos demais Vereadores aqui da Câmara. Queremos avisar as senhoras e os senhores de que já estamos enviando alguns convites, e penso eu que convites já foram enviados para os Vereadores de Porto Alegre. Por isso estou aqui apenas para comunicar, rapidamente, este fato e dizer da importância desta Comissão aqui na Câmara Municipal. Apenas para registro, a Câmara Municipal tem as suas Comissões Permanentes. Todos nós, à exceção do Presidente da Câmara, participa de uma Comissão, que, como o nome já diz, é uma comissão permanente da nossa Casa.

Também aqui na Câmara acontecem Comissões Especiais, que são aquelas comissões que têm duração já definida pelo Regimento Interno. Elas permaneçam em atividade por aproximadamente 60 dias. Esta Comissão Especial tem uma característica diferente. Ela é constituída agora e estará funcionando até encerrada a Copa do Mundo de 2014, aqui em Porto Alegre. Temos aí, então, a importância dessa Comissão para debate de diversos e diferentes temas relacionados à questão da Copa do Mundo em Porto Alegre, no Brasil, essencialmente tratando dos investimentos na área da Cidade, investimentos monetários e financeiros, mas, muito especialmente, dos investimentos que faremos na Cidade, por meio do Executivo, que deverão deixar um legado positivo para a Cidade, para as cidadãs e os cidadãos de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que nos assiste; nós gostaríamos de, neste momento de Liderança, tratar de assuntos muito importantes para a cidade de Porto Alegre, e o Ver. Mauro Pinheiro fez uma excelente retrospectiva da nossa manhã de hoje, na CPI da Juventude. Eu queria fazer três comentários muito breves em relação a isso. Primeiro, que não me cai bem aos ouvidos e ao bom senso político quando uma questão política, econômica, de corrupção na Secretaria Municipal de Juventude é tratada como um caso pessoal e uma briga particular. Não tem nada de particular, quando nós tratamos dos recursos públicos da cidade de Porto Alegre, dos programas para jovens em vulnerabilidade social. E mais, a CPI de hoje nos trouxe à tona ameaças à integridade física do cidadão Sr. Douglas, ao que depois eu vou me ater no pronunciamento.

Em segundo lugar, Vereadores que nos assistem, nós temos a maior tranquilidade e tivemos no momento em que a CPI foi protocolada pela Verª Juliana Brizola, porque foi ela que requereu a investigação dos três Secretários Municipais de Juventude. Nós queremos investigar todos, custe o que custar, doa a quem doer, e isso serve para qualquer esfera do Brasil, seja aqui, no Município de Porto Alegre, na esfera estadual, na esfera nacional. E defendemos a CPI da Petrobras, o Vereador lembrou aqui da tribuna, o nosso Partido, evidentemente, lutou para que houvesse nacionalmente a investigação do desvio de qualquer recurso público.

Em terceiro lugar – e o Ver. Mauro Pinheiro foi brilhante na sua intervenção – quero dizer da importância que a CPI tem para trazer outros fatos à tona! Inclusive, para garantir a integridade física desse senhor que esteve aqui, hoje pela manhã, e fez um depoimento muito forte, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. Não é que ele não tenha trazido novidades. Ele trouxe novidades e usou a tribuna para falar daqueles que o estavam ameaçando fisicamente, como foi o caso do Sr. Rafael Fleck, que o teria ameaçado, que também é membro do PDT e já estava arrolado entre as testemunhas, em função da sua participação na coordenação do ProJovem, durante os anos de 2005 e 2007. Chamou a atenção - é um caso de ameaça, é um caso de fato grave - a relação de ameaças que esse senhor vinha sofrendo para fazer as denúncias, para fazer a gravação, o que, inclusive, o intimidou aqui, na frente das Sras Vereadoras e dos Srs. Vereadores. Então, eu acho que a Câmara se posicionou muito bem hoje pela manhã ao garantir, Srª Presidente, a integridade física, a partir da inclusão dele no Programa Protege, foi fundamental. Mas nós temos que levar muito a sério as denúncias que foram trazidas, tanto em relação às ameaças físicas, quanto em relação ao desvio do dinheiro da sonorização, o que também foi alertado pelo Sr. Douglas. Nós vamos ampliar o nosso rol de oitivas, para ouvir as pessoas, Ver. Cecchim, que ele apontou hoje pela manhã. Esse é o dever da CPI! Até hoje, o Sr. Douglas ainda não tinha sido ouvido pela Polícia Federal. Enfim, é um procedimento recente, mas os tempos políticos não são os mesmos tempos jurídicos. E a CPI é fundamental para fazer a oitiva e, inclusive, encaminhar documentos para a Polícia Federal, para o Ministério Público Federal, ajudando na resolução de problemas e na punição dos responsáveis por desvio de dinheiro público.

Nós estamos na luta para que haja a quebra do sigilo na 1ª Vara Criminal - e hoje de manhã foi novamente reiterado isso -, para que nós tenhamos acesso aos nove indiciados da fraude nas licitações, entre 2005 e 2007, com relação ao ProJovem. Isso certamente vai fazer uma via de mão dupla, em que a CPI é parceira da Polícia Federal e do Ministério Público no que tange às investigações que já estão em curso. E o contrário também é verdadeiro: para as que estão começando, a CPI também vai ajudar na investigação e na punição dos responsáveis.

Então, quero reiterar essa importância para reafirmar que agora, quando faz um ano do assassinato do Secretário Municipal da Saúde Eliseu Santos e ainda segue a discussão sobre a morte encomendada, nós temos um dever com a cidade de Porto Alegre, que é a instalação da CPI da Saúde...

 

(Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)

 

(Não revisado pela oradora.)

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Luciano Marcantônio está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. LUCIANO MARCANTÔNIO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, esta Casa tem demonstrado, em todas as questões, em todas as demandas, no nosso trabalho diário, extrema austeridade, extrema responsabilidade e conduzido de forma muito democrática e respeitosa a rotina de trabalho em todas as Bancadas. Existe, sim, uma CPI que, inclusive, foi pedida por membros do PDT. A própria Verª Juliana Brizola e o próprio Ver. Mauro Zacher solicitaram a abertura dessa CPI, exatamente porque ambos têm convicção da sua total inocência em relação às supostas denúncias e suspeitas que existem.

Em relação ao Alexandre Rambo, esse cidadão, esse militante, esse grande quadro do PDT, merece, da nossa parte, todo o respeito. Qualquer encaminhamento que fizermos desta tribuna, nesta Casa, ou no ambiente político em geral, para não sermos irresponsáveis, devemos respeitar a grande militância e o grande trabalho que esse quadro do PDT, Alexandre Rambo, realizou e continuará realizando agora, quando tem a honra de participar do Governo da ex-Ministra Dilma, que, inclusive, é ex-companheira do PDT e que tem todo o nosso apoio e todo o nosso respeito. É tão reconhecida a militância e a competência do Alexandre Rambo que a Presidente Dilma lhe deu um cargo extremamente estratégico e importante. Ou seja, não vamos, nem com palavras, nem com discursos, condenar alguém que ainda nem foi processado. Existem somente uma suspeita e uma CPI, pedida pelo próprio PDT. Quanto à Juliana Brizola, ela merece mais ainda a nossa consideração, porque, além de ter desempenhado aqui na Câmara um trabalho brilhante, ela carrega um sobrenome que honra a todos nós, brasileiros, não somente aos gaúchos. Quanto ao nosso Líder do Partido, Ver. Mauro Zacher, nós todos que estamos aqui no dia a dia com ele sabemos e conhecemos o quanto ele foi leal, companheiro e parceiro em relação aos trabalhos desta Casa, e também não titubeou em aceitar ser investigado pelo seu período na Secretaria da Juventude.

Então, eu quero deixar este registro como Vereador do PDT, como parceiro de política desses três grandes militantes, para que nós, Vereadores, tenhamos, durante o percurso dessa CPI, muita cautela, para não cometermos o risco de sermos julgados politicamente de forma equivocada. Para que, depois, com a Justiça absolvendo essas pessoas, caso ocorra o processo, nós não nos arrependamos. Não vamos julgar de forma equivocada, se não queremos ser julgados de forma equivocada. Vai ter, sim, a CPI. A CPI vai ter um trabalho sério e responsável, presidida pelo Ver. Braz e tendo como Relator o Ver. Pujol. Membros da oposição são integrantes dessa CPI que vai ter que ser trabalhada de forma extremamente radical na questão da transparência. Vamos aprofundar e buscar as respostas para todas as dúvidas, vamos contribuir com as investigações, mas sem irresponsabilidade e com muito respeito político. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Srª Presidente, gostaria de fazer um registro e pedir um encaminhamento da Presidência. Estive recentemente na greve dos trabalhadores da OAS, na Arena do Grêmio, e vi, com os meus próprios olhos, a situação deles, dos baixos salários, das passagens que não foram pagas para os trabalhadores que vieram do nordeste, além dos alojamentos desumanos desses trabalhadores. São cerca de 350 trabalhadores, Ver. Toni. Queria consultar a Presidência e os Vereadores sobre a possibilidade de podermos encaminhar isso para a Comissão de Direitos Humanos, fazermos uma visita, porque me parece ser um assunto importantíssimo para a cidade de Porto Alegre e importantíssimo para esses trabalhadores que estão sendo superexplorados.

 

A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Verª Fernanda, está acolhido o seu pedido. Amanhã pela manhã, temos duas atividades, mas, à tarde, é possível agendarmos uma ida da Câmara até lá, se não houver uma solução até o início da manhã. (Pausa.) A Verª Fernanda concorda em, se o impasse continuar, irmos lá amanhã à tarde.

O Ver. Mario Fraga está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Dr. Thiago Duarte.

 

O SR. MARIO FRAGA: Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos assiste pela TVCâmara, público presente nas galerias; agradeço o nosso colega, Ver. Dr. Thiago, Presidente da COSMAM nesta Casa, pela cedência deste tão belo espaço de tempo que é o Grande Expediente, para relatar as atividades na Cidade. Eu, que vim para cá no dia 1º de fevereiro, queria agradecer a todos que me receberam novamente, nesta Casa, como Vereador, e queria dizer que também estou me realizando mais uma vez, porque, a cada dia que passa, mais experiência ganhamos nesta Casa.

O primeiro assunto que trago é uma nota de repúdio que o nosso Partido, a nossa Bancada aqui nesta Casa, através do seu Líder Mauro Zacher, o Ver. Tarciso, o Ver. Luciano, o Ver. Dr. Thiago e este Vereador, emitiu, semana passada, contra os fatos que têm acontecido no escritório da ANAC, aqui em Porto Alegre. Um jornal de grande circulação na cidade de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do Sul também falou sobre essa nova estrutura que a ANAC quer fazer em Porto Alegre, no seu escritório. Estamos prestes a sediar uma Copa do Mundo, estamos prestes a aumentar o movimento no Rio Grande do Sul, o movimento do Aeroporto Salgado Filho, e a ANAC vem para reduzir funcionários no seu escritório do Rio Grande do Sul. Com certeza, tem o dedo do Ministro Nelson Jobim, que não sei até quando será Ministro da Dilma, já que todos nós sabemos que ele foi mantido no cargo não pela vontade da Presidenta Dilma, mas a pedido de outras pessoas, de outros políticos. E nós não entendemos. Por que falo isso? Este Vereador fala isso da tribuna, porque o Aeroclube do Rio Grande do Sul, que é lá em Belém Novo, DJ Cassiá, sofre com isso. Tudo o que o Aeroclube pede, as autorizações, os brevês, as carteiras de piloto, as autorizações para voo, tudo passa pela ANAC. E não é só esse Aeroclube, são todos os aeroclubes do Rio Grande do Sul. E todas as reclamações dos passageiros passam pela ANAC. O que será que está acontecendo para o Ministro querer reduzir o escritório dessa representação aqui em Porto Alegre? Então, fica aqui, por escrito, a nota de repúdio do PDT contra os atos do Ministro Nelson Jobim no que diz respeito ao escritório da ANAC em Porto Alegre.

Ver. Airto Ferronato, V. Exª que está na Comissão da Copa do Mundo de 2014, eu pediria que V. Exª nos ajudasse nesse caso, visto que o PSB faz parte do Governo Dilma, junto com o PDT. Como V. Exª tem essa Comissão, poderia também colocar - faço o pedido, faço o apelo - esse assunto na sua Comissão: a redução dos funcionários da ANAC no escritório do Rio Grande do Sul.

Hoje, a Verª Sofia Cavedon também foi muito feliz trazendo aqui, abordando o tema do Conselho Tutelar, já que as nossas eleições serão no dia 27 de março. Na última eleição, Dr. Raul, V. Exª sabe muito bem, porque acompanhou, nós tivemos 80 mil eleitores. Esse número de eleitores não significa quase nada em Porto Alegre, Dr. Thiago, significa sete ou oito por cento da população que poderia votar no Conselho Tutelar. E a minha preocupação se prende aos fatos que foram relatados aqui hoje, inclusive pelo DJ Cassiá, de que, num futuro, talvez a gente possa vir a perder essa eleição do Conselho Tutelar. Então, neste momento, neste Grande Expediente, aproveito para fazer novamente este apelo aos colegas Vereadores e Vereadoras, para que a gente faça um pedido àqueles eleitores que a gente conhece - e todos nós conhecemos bastantes - para que votem no dia 27 de março próximo, porque são 50 Conselheiros que serão escolhidos pelo voto direto na nossa cidade de Porto Alegre.

Para nossa felicidade, eu, que trabalho com esse tema, a Verª Sofia Cavedon foi feliz na sua gestão, já tem um fôlder que ela está distribuindo, está mandando cem mil fôlderes para as pessoas que têm cadastro na Câmara de Vereadores. Eu pedi que cinco mil fôlderes fossem descontados da nossa cota, para que eu possa distribuir, principalmente, na nossa região. Então, eu dou os parabéns à Verª Sofia, parabéns a todos desta Comissão que está trabalhando em cima da eleição do Conselho Tutelar e, especificamente, em cima das crianças, como também à Comissão da Verª Maria Celeste, da qual faço parte e o Ver. Luciano Marcantônio também, a CEDECONDH, onde nós teremos algumas atividades ainda - através do meu pedido para a Verª Maria Celeste - antes do carnaval, em especial na semana que vem. Pedi à Verª Maria Celeste, talvez vá junto a Presidente Sofia Cavedon, que a gente visitasse algumas escolas de samba durante os ensaios, na semana que vem. E hoje veio a calhar que a Defensora Pública Maria da Graça se colocou à disposição. Talvez a gente convide o Coordenador dos Conselhos Tutelares, a Defensoria Pública e outros Vereadores. Eu tenho certeza de que, se a gente for a ensaios de escolas de samba, conseguiremos fazer alguma coisa com relação às crianças que, às vezes - e não poucas vezes - são exploradas no carnaval de Porto Alegre e, também, no carnaval do Brasil. Esse é um momento bom para a Câmara Municipal, porque poderemos fazer esse trabalho junto às escolas de samba.

Queria também falar, especificamente, da nossa região do Extremo-Sul, agradecendo algumas coisas que estão acontecendo, e agradecendo, em especial, à capatazia do DMLU do Belém Novo, que tem “se puxado”, digamos assim, para tentar manter limpa a nossa orla, visto que, como todos nós sabemos, nesse período de chuva, o capim cresce muito mais. O DMLU faz a limpeza, passam três dias, vem a chuva, cresce o capim de novo, principalmente na orla, onde tem muita água, fica um banhado, e o DMLU, a capatazia do Extremo-Sul está se esmerando. Dou os parabéns para eles por esse trabalho que têm feito.

Também gostaria de parabenizar a SMOV, através do Secretário Cássio Trogildo, e posso fazê-lo com tranquilidade, pois o Secretário não é do meu Partido. Algumas coisas estão sendo realizadas no Extremo-Sul graças à sua mão. Mas gostaria de falar especificamente de dois equipamentos públicos que fazem parte da cidade de Porto Alegre: a rótula da Av. Nilo Peçanha e o Túnel da Conceição. O Secretário Cássio Trogildo tem trabalhado ativamente para que essas obras não demorem tanto, pois fazem falta para a nossa Cidade. O Secretário tem ido in loco, a gente tem visto em fotografias, Ver. DJ Cassiá, que o Secretário Cássio Trogildo tem ido bastante aos locais para ver as obras que estão sendo realizadas em Porto Alegre.

 

O Sr. Dr. Raul Torelly: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, Mario Fraga, gostaria de parabenizá-lo pelo seu pronunciamento. Vossa Excelência, que é muito ligado à Região Sul, ao Extremo-Sul, assim como nós, da área da Saúde, que militamos na Cidade toda, não podemos deixar de registrar que agora, realmente, foi assinado o início das obras do hospital da Restinga, que é um momento importantíssimo para aquela região que espera o seu hospital e o aumento dos seus postos de saúde há mais de 30 anos.

 

O SR. MARIO FRAGA: Muito obrigado, Vereador. Queria fazer um agradecimento especial ao nosso colega, o Pingo Vilar, que é um dos assessores da Secretaria que mais comparecem a esta Casa. Eu diria até, Pingo, que o senhor não é o primeiro, mas o segundo, porque eu tenho grande respeito pelo Dr. Pitol, que está sempre nesta Casa, pela EPTC. E essa sua assessoria, Pingo Vilar, e a do Dr. Pitol nos ajudam muito. Vereador Dr. Raul, eu tinha recordado hoje a assinatura do convênio para o início das obras, feita pelo nosso Prefeito Fortunati, então, faço esse agradecimento. Agora, com a chegada do Dr. Pujol, eu “linco” outro assunto a esse do hospital, Ver. Dr. Raul e meu amigo Dr. Pujol. Nós temos um problema lá no Extremo-Sul, que é o nosso cemitério. Ele está ficando pequeno, Ver. Dr. Raul e Ver. Pujol, que o conhece tão bem. Então, eu vou fazer o pedido de um estudo para que, na Restinga, tenha um cemitério, porque, às vezes, eu sou solicitado, já atendi algumas pessoas da Restinga que me pediram que eu interviesse em Belém Novo, para que pudessem enterrar as pessoas da Restinga em Belém Novo. E eu tenho feito alguns encaminhamentos para o cemitério de Belém Novo.

O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu tenho esperança de que o cemitério de Belém Novo cada vez se reduza mais. Eu quero que meus amigos lá de Belém Novo sejam imortais que nem o nosso Grêmio! De qualquer sorte, eu quero concordar com Vossa Excelência. Hoje nós temos que estudar o Extremo-Sul do Município não mais como um núcleo isolado de Belém Novo ou da Restinga, que tem maior população. Nós temos que ver o conjunto e temos que considerar todos esses aspectos, porque houve uma explosão demográfica naquela área, não só na Restinga, mas pelo acréscimo à Restinga de toda aquela zona da Hípica até a entrada da Restinga. É uma população imensa que está ali. Meus cumprimentos pelo pronunciamento.

 

O SR. MARIO FRAGA: Muito obrigado, Vereador. Então, vamos reforçar e vamos fazer também, através do meu gabinete, a solicitação de um estudo. É um tema triste, mas é necessário, pois a Restinga necessita de um cemitério. Já que durou quase 30 anos essa história do hospital da Restinga - e agora, para minha satisfação, no nosso Governo e no Governo do Fortunati, foi assinado esse contrato para que seja construído o hospital da Restinga -, eu vou fazer um pedido para que as Secretarias envolvidas, as Secretarias do Governo do Município façam um estudo para que, num futuro não muito distante, tenha, naquela região da Restinga, companheiro Pingo, um cemitério. E temos bastantes casos de pessoas que, infelizmente, não conseguem nem se deslocar para o cemitério de Belém Novo. Como a gente vai pensando, e os Vereadores vêm nos ajudando, já me ocorreu outra ideia, Pingo, tu sabes há muito tempo disso. Nós temos que ter um ônibus que faça o trecho Belém Novo/Restinga e vice-versa. Eu acho que isso está próximo, pois já há um estudo - eu falei com o Pitol, na EPTC - para que se crie essa linha de ônibus, até porque esse hospital que virá para a Restinga poderá atender a população de todo o Extremo-Sul, não só do bairro Restinga, mas também dos bairros Lajeado, Ponta Grossa, Belém Novo, Lami e Cantagalo. E há necessidade, sim, porque as pessoas que precisam desse hospital não têm carro e há, então, a necessidade de ter um ônibus intermediário que faça esse trajeto, em especial do Extremo-Sul para a Restinga, porque, graças a Deus e a todos os Vereadores que trabalham por aquela região, esse hospital veio para beneficiar, em especial, a comunidade da Restinga, mas também todo o Extremo-Sul, que muito precisa dele.

Muito obrigado, Dr. Thiago, por ter me cedido este espaço, em que consegui fazer um relato das nossas atividades. Por fim, digo que entrei com um Pedido de Providências para saber quando a unidade de tratamento de saúde de Belém Novo ficará pronta, visto que está em obras. Se Deus quiser, nós também teremos essa unidade pronta em breve! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; hoje, exatamente nesta data, nós estamos registrando alguns acontecimentos da cidade de Porto Alegre que precisam ser devidamente gizados. Eu já ouvi o Ver. Mario Fraga, com o seu entusiasmo, falar do início das obras do hospital da Restinga, que se constitui na realização de um anseio há muito tempo alimentado lá no bairro Restinga e que, por muitas vezes, Ver. Elói Guimarães, ensejou promessas demagógicas que acabaram não se realizando. Quando do lançamento da pedra fundamental, eu estive lá presente, e ouvido pela imprensa local, disse que estava ali para testemunhar um fato que poderia quebrantar a minha credibilidade. Eu estava cético, há muito tempo, porque, em todas as vésperas de eleição, Ver. Toni Proença, surgia um anúncio da construção do hospital da Restinga. Passava a eleição, e o anúncio se desfazia. E isso, Ver. Dr. Thiago Duarte, são acontecimentos de mais de 20 anos e com mais de uma repetição. O início das obras que agora ocorreu e para o qual eu não estava convidado - não sei se a Casa estava convidada -, quebranta o meu ceticismo. Hoje, nós temos umas obras em andamento, antes já havia ocorrido o trabalho de terraplanagem da área, que era uma prova inquestionável de que alguma coisa estava em vias de acontecer. Então, hoje eu festejo esse fato positivo e passo a acreditar na palavra dos dirigentes do grupo hospitalar responsável pela obra, que já, há alguns meses, na solenidade da pedra fundamental, afirmava, de forma categórica, que o grupo assumia a responsabilidade de construir a obra no prazo anunciado, o que me deu uma certa convicção de que, diante da grande responsabilidade do grupo hospitalar em causa, nós não teríamos, Ver. Raul, o direito de sermos céticos nesse particular. O que quero acentuar nesta hora, assinalando com o maior vigor possível, é que eu sou um torcedor do sucesso, que eu espero que se consume. Sou um homem que vive na expectativa de que, finalmente, se construa esse hospital, para, logo depois, se equipar esse hospital e, imediatamente, se colocar em operação esse hospital. Hospital que vem com a característica de hospital-dia, uma das realidades recomendadas, presentemente, no atendimento médico-hospitalar, como sendo uma solução inteligente, consequente e relevante. Dizia-me o Ver. Haroldo de Souza, na sua sutileza e inteligência, que o bairro Restinga de muito pouca coisa precisa para ser completado. Sobre as colocações do Ver. Mario Fraga da tribuna, nós vamos deixar para nos preocupar com elas daqui a mais uns dez anos, porque não cogitamos, num curto prazo, Vereador, inaugurar um cemitério na Restinga. E queremos que ele seja absolutamente inútil no presente momento. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Elias Vidal.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Quero agradecer, Sr. Presidente, em primeiro lugar, ao Ver. Elias Vidal, da prodigiosa Bancada do PPS, equilibrada Bancada do PPS, que cedeu o tempo para que eu pudesse expor algumas questões e corrigir alguns fatos. Eu me preocupo com o porquê de toda a Casa estar preocupada com o PDT. Isso me preocupa. Eu peço aos colegas que têm se preocupado tanto com o PDT que tomem um dos dois posicionamentos: ou assinem ficha no PDT, para aí poderem falar do PDT, falar de dentro do Partido, ou então parem de falar do PDT.

A segunda questão que eu quero destacar é o que o Ver. Oliboni colocou, o seu capitaneado, Ver. Mauro Pinheiro, sobre a questão da Fugast. Eu peço ao Ver. Oliboni que leia com atenção o Projeto do IMESF, com as Emendas. Porque, se o Vereador ler o Projeto, ele vai ver que esse Projeto restringe a Estratégia de Saúde da Família à fundação, o seja, a fundação só pode atuar na Estratégia de Saúde da Família. Então, não pode absorver os servidores da Fugast. Gostaríamos muito de que isso pudesse acontecer, mas, para salvaguardar as Unidades Básicas de Saúde, o HPS e o HPV, nós fizemos essa Emenda, por solicitação, inclusive, do Prefeito. Mas o que pode ser feito, Ver. Mauro Pinheiro, pela Bancada do PT na Assembleia – e nós esperamos que façam isso - é assinar a PEC, que foi assinada por todos os Deputados do PDT: Adroaldo Loureiro, Alceu Barbosa, Dr. Basegio, Gerson Burmann, Gilmar Sossella, Juliana Brizola e Marlon Santos.

Acabei de vir da Assembleia. No Gabinete da Presidência, do Presidente Adão Villaverde, com a presença dos servidores da Fugast, foi protocolada a PEC - Projeto de Emenda à Constituição Estadual - que tenta salvaguardar esses servidores e o trabalho que eles executam, porque eles têm uma especificidade muito grande, como eu já falei aqui. Alguns deles são responsáveis pelo único serviço de videocirurgia ginecológica do País, que funciona no Hospital Presidente Vargas. Cem por cento dos preceptores desse serviço são servidores da Fugast. Vai atrapalhar a neonatologia do Presidente Vargas, vai atrapalhar a medicina fetal do Presidente Vargas, aí, depois, é o Município de Porto Alegre que é o problema. Não é assim que funciona. Então, com toda isenção possível e com todo comprometimento possível nesse caso, já que o Prefeito é do PDT, o Secretário Estadual da Saúde é do PDT, a gente vem aqui solicitar que todos esses entes públicos e políticos possam se juntar nessa causa que é salvaguardar a questão da Fugast, para que o serviço não seja prejudicado, para que a população que recorre ao Sanatório Partenon, à Colônia de Itapuã, São Pedro, Hemocentro, enfim, principalmente a população que recorre ao Presidente Vargas não seja prejudicada. Acho que é muito importante esse movimento que começou nesta Casa, com diversos Vereadores, no dia 18 de janeiro, um movimento, uma mobilização geral que, depois, teve seguimento na Assembleia Legislativa, na Comissão de Saúde, que teve seguimento hoje, com o protocolo da PEC. Esse grupo que já teve reunião com a Casa Civil e que vai ter uma Audiência Pública na quarta-feira, que esse grupo possa ser ouvido. São 500 servidores. E não me venham dizer que é inconstitucional. Se isso é inconstitucional, nós temos que mudar a Constituição. Então, não me venham com isso! Já existem exemplos. O IRGA é um exemplo disso, a Funasa é um exemplo disso. É importante que a gente possa salvaguardar essa questão da Fugast, para que não se crie um problema social para esses 500 servidores e para que não se crie, principalmente, um problema no atendimento à população. Nenhum Promotor vai conseguir me explicar como um psiquiatra, em sete dias, vai passar todos os pacientes que atende, numa instituição, há 15 anos. Ninguém vai conseguir me explicar isso. Se conseguirem me explicar isso, bom, aí vou reformular a minha situação, vou reformular o meu pensamento, porque daí eu não posso mais ser médico, tenho que ter uma outra profissão, porque de medicina eu conheço um pouquinho.

Peço a sensibilidade de todos os Vereadores que estão aqui, que representam as Bancadas na Assembleia, para que conversem com seus colegas de Partido, para que possamos avançar nessa questão da Fugast.

 

A Srª Fernanda Melchionna: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Thiago, muito rapidamente, venho parabenizá-lo pelo seu pronunciamento sobre a Fugast. Desde o ano passado, nós acompanhamos V. Exª e as assembleias da categoria. E, além de ajudar nessa questão da sensibilização das Bancadas, porque são 500 trabalhadores que estão cuidando da vida da nossa população e estão na iminência de perder os seus trabalhos, temos que reivindicar uma audiência do Governador Tarso Genro com esses trabalhadores, porque o comando de greve deles está solicitando essa audiência. Eu queria só reiterar e reforçar esse pedido dos trabalhadores para que o Governador sente com a categoria e busque construir uma saída honrada, digna e que valorize esse tempo de serviço dos trabalhadores. Parabéns, e conte com o PSOL e com esta Vereadora para a sua luta!

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Obrigado, Verª Fernanda. Tenho certeza de que o Governador vai ter essa sensibilidade. Hoje, o Presidente da Assembleia, o Deputado Adão Villaverde, encaminhou nesse sentido. Tenho certeza de que esses problemas jurídicos vão ser superados.

Eu quero aqui também falar sobre a reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, ocorrida ontem à tardinha, que abordou a questão da Vila Nazaré. Muitos Vereadores já foram até a Vila Nazaré, como o Ver. Alceu Brasinha, o Ver. Tessaro, o Ver. Todeschini, o Ver. Oliboni, o Ver. Mario Manfro, que é da região, e puderam, como este Vereador, documentar e acompanhar a situação que vive aquela comunidade. Desde o final do ano passado - os problemas já perduram há dezenas de anos, não são problemas de agora -, tivemos a obstrução quase completa dos esgotos daquela região. O nível do esgoto subiu, e, realmente, as ruas estão inundadas de esgoto.

Queremos também agradecer a presença do Engenheiro Francisco Pinto, que deu informações muito importantes e muito técnicas sobre aquela situação, e queremos destacar aqui a sua boa vontade. Conseguimos encaminhar, ontem, na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, que uma retroescavadeira vai tirar a água da rua, a água do esgoto que está na rua. O hidrojateamento dos tubos maiores vai começar hoje, já deve ter começado hoje. E vai ser feita uma obra de 150 a 180 metros, que vai poder dar maior escoamento a esse esgoto. Essas obras não são completamente definitivas, são paliativas, até que se tenha a remoção já combinada de cerca de metade daquela comunidade. Combinada e negociada!

Então, queremos destacar isso aqui e agradecer a todos os Vereadores que estiveram presentes na reunião, queremos agradecer aos órgãos da Prefeitura que se fizeram presentes e que, tecnicamente, puderam encaminhar corretamente essa situação. Queremos dizer que vamos continuar acompanhando, mas é isso que a gente realmente espera da Comissão de Saúde. Que seja uma Comissão técnica, que discuta tecnicamente os processos, sem uma contaminação. Claro que cada um tem a sua ideologia política, vai colocar o seu pensamento político, mas que prevaleça o caráter técnico da Comissão.

Queremos também destacar aqui a reunião da terça-feira, que, para mim, acho que foi a melhor reunião da Comissão de Saúde até este momento. Discutiu-se uma questão muito importante para a Cidade, que é o transporte fluvial. Por que foi discutido na Comissão de Saúde? Porque, efetivamente, ele é menos poluente que o transporte rodoviário e que o transporte ferroviário também. As pessoas podem questionar, dizendo que o barco também tem motor e pode queimar óleo, dependendo da qualidade do motor, assim como o ônibus, assim como o metrô, podendo ter problemas ecológicos. Mas existe uma questão muito interessante para a qual o Ver. Beto Moesch chamou a atenção na reunião. No transporte fluvial, a estrada é natural e já está pronta. Então, é importante que nós tenhamos esse entendimento. A região sul e extremo sul da Cidade carecem de um novo modal. O modal rodoviário já está saturado naquela região, com todo o esforço, e, aqui, eu tenho que elogiar o esforço que a EPTC tem feito, são 52 novos horários de ônibus para a região do Lami, Belém Novo e Lajeado. Essa é uma situação muito significativa, mas, infelizmente, já está saturado. O transporte fluvial possibilita ao passageiro se deslocar em menos tempo, com maior conforto e comodidade ao Centro da Cidade. A ideia é que nós possamos diminuir o tempo em cerca de um terço, ou seja, a tendência é que o transporte do Lami ao Centro da Cidade diminua de meia hora a 45 minutos. Então, seguramente, nós temos que investir nesses estudos, a Metroplan veio aqui e fez um relato muito bonito desse processo, tecnicamente muito concreto, os nossos elogios aqui à Metroplan. A Secretaria do Planejamento também esteve aqui com o seu GT Orla, que engloba várias Secretarias - Planejamento, a EPTC, Turismo -, e também trouxe a sua visão do transporte fluvial. Nós precisamos avançar nisso, a repercussão foi muito grande, quero dizer que recebi muitos e-mails nesse sentido, e a população daquela região, realmente, quer ter um transporte fluvial.

 

O Sr. Dr. Raul Torelly: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Thiago, obrigado pelo aparte. Eu acho que é muito importante a gente frisar o que foi dito pelos empreendedores, que o transporte fluvial Guaíba/Porto Alegre deve iniciar ainda no primeiro semestre, o que é uma coisa de grande importância, porque há muitos e muitos anos se fala nisso. E nós queremos ver, realmente, isso funcionando. Eu acredito que todo esse trajeto, vamos dizer assim, tem que ser bem estudado, inclusive para baratear o custo da viagem, senão, a viagem Guaíba/Porto Alegre - se falou numa passagem de R$ 7,00 - vai ficar proibitiva para muita gente. Então, vai ser importante essa dinâmica, para que a gente construa isso de uma maneira apropriada.

 

O SR. DR. THIAGO DUARTE: Obrigado pela intervenção, Ver. Dr. Raul. Realmente, o valor da tarifa é uma preocupação, mas a gente lembra que esse modal tende a competir com outros modais, como, por exemplo, o lotação. É um modal diferente, sob essa perspectiva, e é um modal que também pode receber, como outros já recebem, subsídios.

Então, é importante que se possa estudar profundamente. E o que eu ressalto aqui, e que a gente pôde observar na reunião, é que ele é um modal que contempla a comunidade da região sul e do extremo sul da Cidade. Quando vários Vereadores vêm aqui e colocam a questão do metrô - e foi colocado na nossa reunião de discussão do transporte fluvial -, ela tende, primeiramente, a contemplar a distância que vai separar a nova Arena do Grêmio do Beira-Rio. É importante que a gente olhe para esse novo modal e tente contemplar também outras regiões da Cidade. E, para isso, nós solicitamos ao Gabinete do Prefeito, através de um Pedido de Providências, que o GT Orla possa ser conveniado com a Metroplan, e que possa haver um acompanhamento por um membro da Comissão de Saúde.

Queremos dizer que o outro encaminhamento foi um convite, que foi prontamente aceito, para nós realizarmos uma viagem fluvial experimental para o extremo sul da Cidade, saindo do Cais 3, do Gasômetro, passando pela nova marina pública, indo a Ipanema, Belém Novo e chegando ao Lami, provavelmente no próximo dia 31 de março. Muito obrigado a todos pela atenção, e tomara que tenhamos muito êxito na questão da Fugast.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Encerrado o Grande Expediente.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 3288/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 158/10, de autoria do Ver. Waldir Canal, que denomina Rua Agricultor Müller o logradouro não cadastrado conhecido como Rua Um – Beco do David –, localizado no Bairro Lomba do Pinheiro.

 

PROC. Nº 4161/10 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 038/10, de autoria do Ver. Aldacir José Oliboni, que concede a Comenda Porto do Sol à Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre – UFCSPA.

 

PROC. Nº 4404/10 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 189/10, de autoria do Ver. Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Jorge Lima Hetzel.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0112/11 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/11, de autoria do Ver. Dr Raul Torelly, que altera o art. 8º da Lei nº 8.871, de 4 de janeiro de 2002, que dispõe sobre a condução de animais da espécie canina no Município de Porto alegre e dá outras providências, determinando que, nas praças e nos parques públicos municipais, seja definido espaço destinado à livre circulação e permanência de cães.

 

O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Não há nenhum Vereador inscrito para discutir a Pauta. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h46min.)

 

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